H.U.S.


História e Actualidade


Portugal foi o primeiro país ocidental a estabelecer contactos com o Japão, há 465 anos, não muito tempo depois da sua chegada ao Brasil.

Esse primeiro contacto parece ter impressionado tanto os portugueses como os japoneses. Hoje subsistem inúmeros testemunhos desse encontro, como as cerca de 3 mil palavras portuguesas que foram adoptadas para a língua japonesa.

O português continua presente no Japão através da comunidade de descendentes dos japoneses que começaram a emigrar para o Brasil em 1908 e que depois regressaram à terra de origem dos seus pais. Por isso no Japão existem vários jornais de língua portuguesa e até um canal de televisão.

Apesar de intensas no século XVI as relações entre Portugal e o Japão ficaram suspensas no tempo. As relações entre o Brasil e Portugal perduram até hoje como se sabe.

A curiosidade é o facto de o país não asiático com o qual o Japão mantém laços mais fortes e perenes ser o Brasil: em São Paulo reside a maior comunidade de japoneses fora do Japão (cerca de 1 milhão: 60% da comunidade nipónica no Brasil) e a comunidade de língua estrangeira mais numerosa no Japão é constituída por luso-falantes de origem brasileira (cerca de 300.000). O Kasato-Maru, o navio a vapor que trouxe os primeiros 781 emigrantes japoneses ao Brasil, chegou ao Porto de Santos no dia 18 de Junho de 1908. Esta data é regularmente celebrada pela comunidade japonesa no Brasil.


Em 1585, o jesuíta Luís Fróis (1532 - 1597) escreveu um texto singular : o “Tratado sobre as contradições & diferenças de costumes entre os Europeus & os Japoneses”, no qual são tratadas como iguais as simetrias que opõem as duas culturas, como se se tratasse de uma imagem reflectida num espelho o que acaba por torná-las parecidas e diferentes ao mesmo tempo.


Junichirô Tanizaki, no seu célebre ensaio “O Elogio da Sombra” (1933), parte da universalidade da brancura para reflectir sobre até que ponto certos princípios considerados evidentes e supostamente naturais, são, de facto, culturais. O tema para Tanizaki é, a traves do jogo entre luz e sombra, compreender os dois modos civilizacionais, o ocidental e o japonês, e a sua relação com o meio.

"A História Universal do Sushi" é um projecto de documentário em que o aspecto estético será particularmente privilegiado. O tratamento da imagem e do som pretende vir a ser tão depurado e simples como um sushi.

A musica tradicional e popular japonesa (Noh, sarugaku, dengaku - literalmente "musica dos campos de arroz" -) dará o tom, mais a ela virão somar-se outras : algumas das peças de John Cage para vegetais o derivados, como “Ryoanji” e “Branches”, sem esquecer a música popular brasileira...


Outros dados avulsos


Wenceslau de Moraes evocado


Tokushima, terra onde Wenceslau de Moraes morreu, é geminada desde 1969 com Leiria (caso único em Portugal), tendo a cidade uma rua com o seu nome (Bairro dos Capuchos)

Segundo João Cabral, no livro “Anais de Leiria”, esta geminação surgiu no enquadramento da vontade expressa do Perfeito de Tokushima que, em Setembro de 1969, se deslocou ao nosso País com o objectivo de estreitar relações. Vítor Lourenço, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Leiria, recorda por sua vez a amizade que então unia o Governador Civil, Damasceno Campos, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros no Japão, e que terá dado aso à escolha de Leiria. Até porque, ainda segundo aquele vereador, na cidade de Setúbal (terra onde Wenceslau de Moraes nasceu) a receptividade à ideia não terá sido a maior.


“O homem das longas barbas”

A aproximação de Wenceslau de Moraes ao Oriente aconteceu devido ao facto de ter frequentado a Escola Naval e de ter feito várias viagens como oficial da Marinha de Guerra. Em 1891, fixou-se em Macau, depois de nomeado “imediato” da capitania do porto, inspector do ópio e professor. Conviveu com Camilo Pessenha, de quem se tornou amigo, e em 1899 é nomeado cônsul no Japão, onde passou os restantes 31 anos da sua vida, 16 dos quais em Tokushima. Segundo Adelino Ascenso, missionário católico de Leiria actualmente no Japão, o escritor era aí conhecido pelo “homem das longas barbas”. É nessa cidade também que Wenceslau de Moraes se entrega à actividade literária e se converte ao Budismo, depois da morte da gueixa com quem viveu (chinesa que lhe deu dois filhos), e de ter pedido a exoneração do cargo de cônsul.


Graça Menitra



Alguns indícios permitem-nos pensar que a memória da passagem dos portugueses pelo Japão é ainda hoje acarinhada por japoneses como o pode indicar o facto de o próprio Sr. Toyoda ser cônsul honorário de Portugal em Nagoya.


Por seu lado o Embaixador do Japão em Portugal, Senhor Hideichiro Hamanaka, comenta na pagina internet da Embaixada :


“Não é largamente conhecido fora do Japão que o primeiro contacto do povo japonês com os Europeus foi estabelecido através do povo português que chegou ao Japão no século XVI. Para ser mais preciso, foi em 1543 que os portugueses navegaram por Tanegashima, uma ilha situada no sudoeste do Japão, introduzindo as armas de fogo. Desde essa altura, desenvolveram-se trocas interculturais e comerciais que se mantiveram até à actualidade.


Infelizmente, nos dias de hoje, não temos uma relação tão rica e próxima como os nossos antepassados, há mais de 400 anos atrás. A maior parte dos portugueses é indiferente, não aos produtos 'Made in Japan' mas sim ao povo japonês e ao Japão como país. Isto aplica-se também à atitude japonesa em relação a Portugal. Apesar de muitos japoneses saberem que, efectivamente, foram os portugueses os primeiros europeus a chegar ao Japão, o Portugal de hoje é vagamente conhecido entre a maioria dos japoneses. [...]”




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