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Nenhuma das minhas peças até agora teve direito a prefácio. E o termo é bem escolhido pois as pistas que seguem, para além da didascália, fazem um certo sentido antes de “dar a face”, ou seja, antes da estreia que se segue.
  
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Cruzando estas duas linhas (de fuga), espero chegar a um resultado literário novo, que não seja a partitura do que foi montado, visto e ouvido sobre cena, mas um texto creativo, um pouco ludíco certamente, mas que abra portas a novas interpretações, leituras, abordagens...
 
Cruzando estas duas linhas (de fuga), espero chegar a um resultado literário novo, que não seja a partitura do que foi montado, visto e ouvido sobre cena, mas um texto creativo, um pouco ludíco certamente, mas que abra portas a novas interpretações, leituras, abordagens...
  
De resto, atrás de uma fachada irrisória posta em evidência na maioria dos meus trabalhos, esconde-se uma reflexão em nada inocente sobre o estado da criação artística actual que se articula em permanência com outros aspectos mais ontológicos.
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De resto, atrás de uma fachada irrisória posta em evidência na maioria dos meus trabalhos, esconde-se uma reflexão em nada inocente sobre o estado da criação artística actual que se articula em permanência com outros aspectos mais ontológicos.</div>
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Revisão das 11h59min de 7 de Abril de 2007

radiOthello

Uma guerra dos mundos no mundo dos dias da rádio


Uma espécie de Prefácio (ou antes de dar a face...)

Nenhuma das minhas peças até agora teve direito a prefácio. E o termo é bem escolhido pois as pistas que seguem, para além da didascália, fazem um certo sentido antes de “dar a face”, ou seja, antes da estreia que se segue.

Os meus textos ocupam-se muitas vezes de estrangeiros, nos sentidos mais váriados com os quais se pode carregar essa palavra. Neste contexto, desde logo, Othello, tem um lugar de relevo no “panteão das referências maiores” que trago comigo como uma mala inseparável, como um apêndice.

O meu teatro, que nasceu do teatro musical, desenvolveu-se a partir de marcos muito precisos seguindo o seu caminho até ao esgotamento (para utilizar uma pequena citação do excelente ensaio que Gilles Deleuze dedicou a Samuel Beckett), ou se suicidar en se act-tuant dans "Actueurs". Com estes três pequenos textos de ni théâtre creio ter fechado um ciclo no meu trabalho de escrita de teatro.

Por esta razão, de um ponto de vista estritamente literário e formal, radiOthello para mim, só podia tomar forma a posteriori a através da gravação e “interpretação” por uma máquina do que tiver sido dito sobre cena.

Com este método procuro aproximar-me da origem elisabetana da peça de Shakespeare (na época as peças eram fixadas depois de serem representadas) e ao mesmo tempo tirar partido das possibilidades de armazenar informação e memória em suportes audio e digitais.

Cruzando estas duas linhas (de fuga), espero chegar a um resultado literário novo, que não seja a partitura do que foi montado, visto e ouvido sobre cena, mas um texto creativo, um pouco ludíco certamente, mas que abra portas a novas interpretações, leituras, abordagens...

De resto, atrás de uma fachada irrisória posta em evidência na maioria dos meus trabalhos, esconde-se uma reflexão em nada inocente sobre o estado da criação artística actual que se articula em permanência com outros aspectos mais ontológicos.


A.G.Z.


Dossier radiOthello


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