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'''Sessão 37 – Terça 18 de Junho de 2013 – Leitura dos capítulos 19, 20 e 21 da ''Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."'''''
  
No episodio que vamos começar na próxima sessão, Cervantes – a pesar das dúvidas explicitadas no capítulo terceiro, relacionadas com a inclusão de novelas cortas dentro do relato – volta a utilizar a técnica a qual já nos tinha habituado na Primeira parte, mas agora de um modo aperfeiçoado, já que estas novelas ou historias secundarias passam a integrar a trama do relato principal.
 
  
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Convidado : '''Luis Barros''', ''chef'' do '''[http://cafesaoluiz.pt/ Café São Luiz]'''
  
Iremos assistir assim às bodas do rico Camacho, mas o nosso autor  não deixa outra vez mais de surpreender transformando o episodio pastoril numa adaptação complexa e inesperada de uma variação – muito provavelmente da sua própria invenção – da historia de Píramo e Tisbe. A historia dos amores de Quitéria e Basílio, que nos é assim contada, sai do molde tradicional da fábula que, vale a pena relembrar, é o seguido por Shakespeare na tragédia de Romeu e Julieta.
 
  
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Ler a propósito de '''[[DQ&gastronomia|Dom Quixote e a Gastronomia]]'''
  
Sancho e o seu mal falar, por sua parte, conduz a uma discussão sobre o tema, durante a qual Dom Quixote é levado a afirmar que “la discreción es gramática del buen lenguaje”. O debate deriva numa reflexão sobre as relações entre natureza e arte, que termina pelo triunfo deste pois permite melhorar a primeira. Esta ideia sublinha-se no desafio dos estudantes, do qual resulta vencedor não o mais forte senão o que domina o uso da espada, arte à qual sumam-se a discrição e a destreza, temas estes que conhecíamos já tendo sido tratados dez anos antes na primeira parte do Quixote, e que tal vez Cervantes quis por de relevo justamente ao mesmo tempo que narrativamente nos faz voltar a técnica literária que tinha posto em causa ao começo desta segunda parte. 
 
  
  
Também a arte está presente na transformação do prado onde vira a ocorrer o casamento. E não só: e pela industria da arte que Basílio conseguirá triunfar e modificar o curso natural dos acontecimentos...
 
A seguir vemos Sancho como se fosse pintado pelo Brueghel bebendo vinho e saciando sua fome ancestral com uma voracidade carnavalesca. O campesino pobre que é tinha-se primeiro inclinado a favor de Basílio na disputa da bela Quitéria, mas a abundância alimentar da boda leva-lo a mudar de parecer e defender o ponto de vista do rico Camacho. E Dom Quixote seguira justamente o caminho oposto, num jogo de reversibilidade com o qual Cervantes mais uma vez parece querer dar-nos a entender a importância que da e que tem nesta historia a mudança de perspectivas e a complexidade da realidade.
 
  
  
O artificio continua a traves dumas danças faladas alegóricas nas quais Cupido e o Interesse lutam por uma donzela. O significado, esta vez é simples de compreender: Amor já não é o deus que triunfa  sobre todos os obstáculos ao que Petrarca nos tinha habituado, este foi substituído pelo dinheiro, esse “poderoso cavaleiro” que já na Espanha em crise de finais do século anterior – e estamos a falar do século XVI – todo submete a sua lei. Bem se tem apercebido Sancho, que sabe tirar a lição do episodio dizendo-nos que só há duas linhagens no mundo: a de ter e a de não ter...
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Chegamos assim ao fim da cena que, montada como se de um verdadeiro espectáculo teatral se tratasse, transforma-se em comedia que até tem uma tonalidade paródica que não se pode adivinhar no principio. O triste Basílio, qual novo Cardênio, não pode Senão ter o funesto destino de Grisóstomo, e quando já ao borde da morte, por piedade, consegue casar com Quitéria de modo a morrer tendo sido feliz ao menos nos últimos instantes da sua vida, o rapaz surpreende a todos levantando-se, o que leva aos pressentes a dizer “Milagre! Milagre!”, e ele a contestar “Milagre, milagre, não, mas indústria, indústria!”. Trata-se, claro, do triunfo de Amor sobre o Interesse...
 
  
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''' Comentario aos capítulos 19, 20 e 21 da ''Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."'''''
  
Agustín Redondo faz notar que os nomes de Quitéria e Basílio referem a santos que por sua vez referem ao desenrolar dos acontecimentos, o que já não nos surpreende na complexa trama a que Cervantes nos tem habituado. Mas o facto que o nome do rico e “desilustre” Camacho tem uma correspondência que anula a sua virilidade e o irmã ao Capacho do “Retablo das Maravilhas” que dentro de umas semanas iremos ler.
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No episódio que vamos começar nesta sessão, Cervantes – a pesar das dúvidas explicitadas no capítulo terceiro, relacionadas com a inclusão de novelas curtas dentro do relato – volta a utilizar a técnica a qual já nos tinha habituado na Primeira parte, mas agora de um modo aperfeiçoado, já que estas novelas ou histórias secundárias passam a integrar a trama do relato principal.
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Iremos assistir assim às bodas do rico Camacho, mas o nosso autor não deixa mais uma vez de surpreender transformando o episódio pastoril numa adaptação complexa e inesperada de uma variação – muito provavelmente da sua própria invenção – da história de Píramo e Tisbe. A história dos amores de Quitéria e Basílio, que nos é assim contada, sai do molde tradicional da fábula que, vale a pena relembrar, é o seguido por Shakespeare na tragédia de Romeu e Julieta.
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Sancho e o seu mal falar, por sua parte, conduz a uma discussão sobre o tema, durante a qual Dom Quixote é levado a afirmar que “la discreción es gramática del buen lenguaje”. O debate deriva numa reflexão sobre as relações entre natureza e arte, que termina pelo triunfo deste pois permite melhorar a primeira. Esta ideia sublinha-se no desafio dos estudantes, do qual resulta vencedor não o mais forte senão o que domina o uso da espada, arte à qual se somam a discrição e a destreza, temas estes que conhecíamos, já tendo sido tratados dez anos antes na primeira parte do Quixote, e a que talvez Cervantes tenha querido dar relevo justamente ao mesmo tempo que narrativamente nos faz voltar à técnica literária que tinha posto em causa no começo desta segunda parte. 
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Também a arte está presente na transformação do prado onde virá a ocorrer o casamento. E não só: é pela indústria da arte que Basílio conseguirá triunfar e modificar o curso natural dos acontecimentos...
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A seguir vemos Sancho como se fosse pintado por Brueghel bebendo vinho e saciando a sua fome ancestral com uma voracidade carnavalesca. O campesino pobre que é tinha-se primeiro inclinado a favor de Basílio na disputa pela bela Quitéria, mas a abundância alimentar da boda leva-o a mudar de opinião e defender o ponto de vista do rico Camacho. E Dom Quixote seguirá justamente o caminho oposto, num jogo de reversibilidade com o qual Cervantes mais uma vez parece querer dar-nos a entender a importância que dá, e que tem nesta história, a mudança de perspectivas e a complexidade da realidade.
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O artificio continua através de umas danças faladas alegóricas nas quais Cupido e o Interesse lutam por uma donzela. O significado, desta vez é simples de compreender: Amor já não é o deus ao que Petrarca nos tinha habituado, que triunfa  sobre todos os obstáculos; este foi substituído pelo dinheiro, esse “poderoso cavaleiro” que já na Espanha em crise de finais do século anterior – e estamos a falar do século XVI – tudo submete à sua lei. Bem se tem apercebido Sancho, que sabe tirar a lição do episódio dizendo-nos que só há duas linhagens no mundo: a do ter e a do não ter...
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Chegamos assim ao fim da cena que, montada como se de um verdadeiro espectáculo teatral se tratasse, transforma-se em comédia que até tem uma tonalidade paródica que não se pode adivinhar no princípio. O triste Basílio, qual novo Cardênio, não pode senão ter o funesto destino de Grisóstomo, e quando já à beira da morte, por piedade, consegue casar com Quitéria de modo a morrer tendo sido feliz pelo menos nos últimos instantes da sua vida, o rapaz surpreende todos levantando-se, o que leva aos presentes a dizer “Milagre! Milagre!”, e ele a contestar “Milagre, milagre, não, mas indústria, indústria!”. Trata-se, claro, do triunfo de Amor sobre o Interesse...
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Agustín Redondo faz notar que os nomes de Quitéria e Basílio se referem a santos que por sua vez se referem ao desenrolar dos acontecimentos, o que já não nos surpreende na complexa trama a que Cervantes nos tem habituado. Mas sim pode surpreender que o nome do rico e “desilustre” Camacho tem uma correspondência que anula a sua virilidade ao Capacho do “Retablo das Maravilhas” que dentro de umas semanas iremos ler.
  
 
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''Sessões anteriores''
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2014
  
[[DQ1|20 SET]], [[DQ2|4 OUT]], [[DQ3|25 OUT]], [[DQ4|15 NOV]], [[DQ5|29 NOV]], [[DQ6|13 DEZ]],  
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[[DQ46| 13 JAN]], [[DQ47| 27 JAN]], [[DQ48| 10 FEV]], [[DQ49|24 FEV]], [[DQ50|10 MAR]], [[DQ51|24 MAR]], [[DQ52|14 ABR]], [[DQ53|28 ABR]], [[DQ54|12 MAI]], [[DQ55|26 MAI]], [[DQ56|9 JUN]], [[DQ57|23 JUN]], [[DQ58|7 JUL]], [[DQ 59|21 JUL]]  
[[DQ7|24 JAN]], [[DQ8|7 FEV]], [[DQ9|28 FEV]], [[DQ10|13 MAR]], [[DQ11|27 MAR]], [[DQ12|10 ABR]], [[DQ13|24 ABR]], [[DQ14|8 MAI]], [[DQ15|22 MAI]], [[DQ16|5 JUN]], [[DQ17|19 JUN]], [[DQ18|3 JUL]], [[DQ19|25 SET]], [[DQ20|09 OUT]], [[DQ21|23 OUT]], [[DQ22|06 NOV]], [[DQ23|13 NOV]], [[DQ24|27 NOV]], [[DQ25|11 DEZ]], [[DQ26|08 JAN]], [[DQ27|22 JAN]], [[DQ28|05 FEV]], [[DQ29|19 FEV]], [[DQ30|5 MAR]], [[DQ31|19 MAR]], [[DQ32|2 ABR]], [[DQ33|16 ABR]], [[DQ34|30 ABR]], [[DQ35|14 MAI]], [[DQ36|28 MAI]]
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Edição actual desde as 11h56min de 22 de Junho de 2014


Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga, José Luis Ferreira & Teresa Albuquerque


Sessão 37 – Terça 18 de Junho de 2013 – Leitura dos capítulos 19, 20 e 21 da Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."


Convidado : Luis Barros, chef do Café São Luiz


Ler a propósito de Dom Quixote e a Gastronomia



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Comentario aos capítulos 19, 20 e 21 da Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."


No episódio que vamos começar nesta sessão, Cervantes – a pesar das dúvidas explicitadas no capítulo terceiro, relacionadas com a inclusão de novelas curtas dentro do relato – volta a utilizar a técnica a qual já nos tinha habituado na Primeira parte, mas agora de um modo aperfeiçoado, já que estas novelas ou histórias secundárias passam a integrar a trama do relato principal.


Iremos assistir assim às bodas do rico Camacho, mas o nosso autor não deixa mais uma vez de surpreender transformando o episódio pastoril numa adaptação complexa e inesperada de uma variação – muito provavelmente da sua própria invenção – da história de Píramo e Tisbe. A história dos amores de Quitéria e Basílio, que nos é assim contada, sai do molde tradicional da fábula que, vale a pena relembrar, é o seguido por Shakespeare na tragédia de Romeu e Julieta.


Sancho e o seu mal falar, por sua parte, conduz a uma discussão sobre o tema, durante a qual Dom Quixote é levado a afirmar que “la discreción es gramática del buen lenguaje”. O debate deriva numa reflexão sobre as relações entre natureza e arte, que termina pelo triunfo deste pois permite melhorar a primeira. Esta ideia sublinha-se no desafio dos estudantes, do qual resulta vencedor não o mais forte senão o que domina o uso da espada, arte à qual se somam a discrição e a destreza, temas estes que conhecíamos, já tendo sido tratados dez anos antes na primeira parte do Quixote, e a que talvez Cervantes tenha querido dar relevo justamente ao mesmo tempo que narrativamente nos faz voltar à técnica literária que tinha posto em causa no começo desta segunda parte.


Também a arte está presente na transformação do prado onde virá a ocorrer o casamento. E não só: é pela indústria da arte que Basílio conseguirá triunfar e modificar o curso natural dos acontecimentos...

A seguir vemos Sancho como se fosse pintado por Brueghel bebendo vinho e saciando a sua fome ancestral com uma voracidade carnavalesca. O campesino pobre que é tinha-se primeiro inclinado a favor de Basílio na disputa pela bela Quitéria, mas a abundância alimentar da boda leva-o a mudar de opinião e defender o ponto de vista do rico Camacho. E Dom Quixote seguirá justamente o caminho oposto, num jogo de reversibilidade com o qual Cervantes mais uma vez parece querer dar-nos a entender a importância que dá, e que tem nesta história, a mudança de perspectivas e a complexidade da realidade.


O artificio continua através de umas danças faladas alegóricas nas quais Cupido e o Interesse lutam por uma donzela. O significado, desta vez é simples de compreender: Amor já não é o deus ao que Petrarca nos tinha habituado, que triunfa sobre todos os obstáculos; este foi substituído pelo dinheiro, esse “poderoso cavaleiro” que já na Espanha em crise de finais do século anterior – e estamos a falar do século XVI – tudo submete à sua lei. Bem se tem apercebido Sancho, que sabe tirar a lição do episódio dizendo-nos que só há duas linhagens no mundo: a do ter e a do não ter...


Chegamos assim ao fim da cena que, montada como se de um verdadeiro espectáculo teatral se tratasse, transforma-se em comédia que até tem uma tonalidade paródica que não se pode adivinhar no princípio. O triste Basílio, qual novo Cardênio, não pode senão ter o funesto destino de Grisóstomo, e quando já à beira da morte, por piedade, consegue casar com Quitéria de modo a morrer tendo sido feliz pelo menos nos últimos instantes da sua vida, o rapaz surpreende todos levantando-se, o que leva aos presentes a dizer “Milagre! Milagre!”, e ele a contestar “Milagre, milagre, não, mas indústria, indústria!”. Trata-se, claro, do triunfo de Amor sobre o Interesse...


Agustín Redondo faz notar que os nomes de Quitéria e Basílio se referem a santos que por sua vez se referem ao desenrolar dos acontecimentos, o que já não nos surpreende na complexa trama a que Cervantes nos tem habituado. Mas sim pode surpreender que o nome do rico e “desilustre” Camacho tem uma correspondência que anula a sua virilidade ao Capacho do “Retablo das Maravilhas” que dentro de umas semanas iremos ler.

AGZ


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links úteis :

CAPÍTULO XIX

CAPÍTULO XX

CAPÍTULO XXI


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Sessões

2011

20 SET, 4 OUT, 25 OUT, 15 NOV, 29 NOV, 13 DEZ

2012

24 JAN, 7 FEV, 28 FEV, 13 MAR, 27 MAR, 10 ABR, 24 ABR, 8 MAI, 22 MAI, 5 JUN, 19 JUN, 3 JUL, 25 SET, 09 OUT, 23 OUT, 06 NOV, 13 NOV, 27 NOV, 11 DEZ

2013

08 JAN, 22 JAN, 05 FEV, 19 FEV, 5 MAR, 19 MAR, 2 ABR, 16 ABR, 30 ABR, 14 MAI, 28 MAI, 18 JUN, 2 JUL, 9 JUL, 30 SET, 14 OUT, 28 OUT, 18 NOV, 2 DEZ, 16 DEZ

2014

13 JAN, 27 JAN, 10 FEV, 24 FEV, 10 MAR, 24 MAR, 14 ABR, 28 ABR, 12 MAI, 26 MAI, 9 JUN, 23 JUN, 7 JUL, 21 JUL


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