Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga & Teresa Albuquerque



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Sessão 36 – Terça 28 de Maio de 2013 – Leitura dos capítulos 17 e 18 da Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."


Convidados :


… “alzando don Quijote la cabeza vio que por el camino por donde ellos iban venía un carro lleno de banderas reales; y creyendo que debía de ser alguna nueva aventura, a grandes voces llamó a Sancho que viniese a darle la celada. El cual Sancho, oyéndose llamar, dejó a los pastores y a toda priesa picó al rucio y llegó donde su amo estaba, a quien sucedió una espantosa y desatinada aventura.”

Final do cap.16 (DQII)



A aventura dos leões que segue-se, da a oportunidade a Dom Quixote de demonstrar ao cavaleiro do Verde Gabão o seu valor, a sua temeridade e não menos justificar o merecimento que suas “valorosas muitas e cristãs façanhas” têm de estar estampadas em livro. O tema do leão, alias, é um tema de livro: Um cavaleiro do leão – Yvain – ja tinha sido escrito por Chrétien de Troyes, e vários leões figuram entre os clássicos da cavaleria para salientar o valor do herói, desde o Amadís de Gaula, clássico dos clássicos, até o Palmerín de Oliva, passando pelo Primaleón, pelo Belanís e vai-se saber ainda quantos outros. O episodio, então, entrelaça ao perigo real o mundo da fantasia, e tendo “triunfado” o da Triste Figura, nada parece mais merecido que reclame, a partir de agora, ser reconhecido como Cavaleiro dos Leões.


Mas o génio de Cervantes, uma vez mais, surpreende-nos na contraposição dos modelos, e o que a priori aparece como um episodio marcado e que resulta pela ingenuidade e o delírio de Dom Quixote, pronto deixa entrever um outro ângulo. Opondo assim, ao modelo dos clássicos com que sonha o Quixote o facto de este vir andando pelo caminho, e não "pelo coração do bosque"; o faço que a fera esteja enjaulada e não em liberdade, o que reforça ainda mais a aussencia de iminente perigo e o desnecessario do desafio... As prudentes advertências dos acompanhantes, não fazem mais que sublinhar que esta “mítica aventura”, finalmente, é um episodio que nos é apresentado com realismo e veracidade. Não esqueçamos que aventura dos leões começa pela parodia dos requeijões que Sancho põe dentro do elmo de Dom Quixote e esquece...


E por último, não deixemos escapar o facto que o “tradutor” chame a atenção ao louvor feito ao cavaleiro pelo “autor” desta historia. Trata-se ainda mais uma vez doutra forma com a qual Cervantes parece afirmar e confirmar o aprofundamento e a complexidade e a evolução do carácter do personagem, no que vá do Quixote tal qual era e actuava na primeira parte a este. Este temerário e gratuito acto dos leões não é em nada alheio à essa evolução.


Seguem-se quatro dias em casa do do Verde Gabão. Neles, Dom Diego e o seu filho, Dom Lourenço, antecipam aquilo que durante quatrocentos anos todos os leitores do Quixote não deixaram de ponderar: a questão de decidir se Dom Quixote é louco ou não. Chegando Cervantes a incluir modelos de leitura que não deixam de lado a observação do intervalo lúcido e da loucura misturados.


Nesses dias tomamos contacto com as dotes poéticas de Lourenço, que se por um lado servem para “adocicar” a causa da cavalaria andante tão ardentemente defendida por Dom Quixote, por outro, a traves do soneto dedicado a Píramo e Tisbe, e introducido o tema do amor e seus obstáculos que serão largamente desenvolvidos nos capítulos e nas historias de Quiteria, Basilio e o rico Camacho que se seguem.

AGZ


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