Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga


Ainda continuamos a começar o 2º Livro !!!


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O ovo de Mambrino


E finalmente começa a terceira saída !



Sessão 33 – Terça 16 de Abril 2013 – Leitura dos capítulos 8, 9 e 10 da Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."



Já no começo do capítulo oitavo Cervantes nos diz, literal e explicitamente, que esta segunda parte difere da primeira como a noite do dia. A repetição três vezes da bênção a Alá que faz Cide Hamete correspondem a da oração do por de sol musulmana. O Quixote e Sancho começarão as suas “hazañas y donaires” – frase que pode-se bem interpretar respectivamente, sendo então façanhas as do primeiro e gracinhas as do escudeiro –, saindo ao por de sol rumo a grande cidade do Toboso... Percebemos assim que o que nos espera e muito diferente a aquilo que conhecemos aquando da primeira saída, quando, no capítulo II, Dom Quixote sem dar conta a ninguém, e sem que ninguém o visse, armou-se e subiu-se a Rocinante “apenas había el rubicundo Apolo tendido por la faz de la ancha y espaciosa tierra las doradas hebras de sus hermosos cabellos”; e a segunda, no capítulo VII, quando depois de solicitar “a un labrador vecino suyo, hombre de bien – si es que este título se puede dar al que es pobre”, um tal “Sancho Panza, que así se llamaba el Labrador”, em realidade o que faz é uma verdadeira fuga, que alias começa tecnicamente de noite, mas de modo tal de não ser vistos ao amanhecer, quando já não seriam achados mesmo se os procurassem. Diferente também será no que diz respeito a Dulcinea. A Dulcineia do Quixote já não tem nada a ver com Aldonza. Sancho tentará repetir o que tinha acontecido no capítulo XXXI, quando relatou a Dom Quixote que tinha encontrado a Dulcineia “ahechando dos hanegas de trigo en un corral de su casa” ao qual respondeu o cavaleiro “Pues haz cuenta que los granos de aquel trigo eran granos de perlas, tocados de sus manos”: Desta vez Dom Quixote não “traduzira” o relato de Sancho. Ele vai rejeita-lo assim como a ideia de uma “Dulcineia aldonzada”. Ao contrario daquilo que provavelmente tenha acontecido durante a escrita da primeira parte, e que pode-se simbolizar pelo facto de ser Rocinante quem decide do caminho a seguir, nesta terceira saída ficamos com a impressão que Cervantes tinha trazado um plano muito mais definido daquilo que virá a fazer Dom Quixote daqui para à frente. Nesse plano figura, justamente, o facto de ir a despedir-se de Dulcineia, como ficou referido no capítulo IV e que é ao que vamos. E seguramente é o facto de ter um plano o que permite a Cide Hamete prometer que esta nova serie de aventuras que aqui vão ter inicio, vão ser mais entretidas que as anteriores !