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“Nem tudo o que brilha é ouro”, já sabemos, mas dá vontade de dizer – quixotescamente – que nem tudo o que é de ouro brilha. Pelo menos quando algo é ouro para nós, mesmo se os outros não o vêm. Nesta sessão veremos nos capítulos 21 e 22 a forma genial como Cervantes descreve a progressão do carácter de Dom Quixote, e também do de Sancho. Depois de se deixar iludir por rebanhos de ovelhas e pelo ruído dos rodízios de um moinho de água, é uma bacia de barbeiro que D.Quixote confunde com um elmo de ouro, o célebre “Elmo de Mambrino”.  Sancho, como sempre, começa por tentar desenganar o seu amo mas pouco a pouco vai moldando-se às suas loucuras, tratando de aceitá-las e de se fixar nalgum ponto que lhe pareça, a ele Sancho, minimamente razoável. É assim que nasce aquele que é talvez o primeiro ''mot-valise'' da história da literatura : graças ao carácter conciliador de Sancho, que para fechar a discussão, sugere que se trata afinal um ''baci-elmo'', nem bacia nem elmo mas um pouco dos dois... Um pormenor, naquele tempo, mas uma invenção genial de um ponto de vista literário que nos tempos de Joyce e de Beckett será de uma importância capital no modo de descrever, escrever e criar literatura.
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“Nem tudo o que brilha é ouro”, já sabemos, mas dá vontade de dizer – quixotescamente – que nem tudo o que é de ouro brilha. Pelo menos quando algo é ouro para nós, mesmo se os outros não o vêm. Nesta sessão veremos nos capítulos 21 e 22 a forma genial como Cervantes descreve a progressão do carácter de Dom Quixote, e também do de Sancho. Depois de se deixar iludir por rebanhos de ovelhas e pelo ruído dos rodízios de um moinho de água, é uma bacia de barbeiro que D.Quixote confunde com um elmo de ouro, o célebre “Elmo de Mambrino”.  Sancho, como sempre, começa por tentar desenganar o seu amo mas pouco a pouco vai moldando-se às suas loucuras, tratando de aceitá-las e de se fixar nalgum ponto que lhe pareça, a ele Sancho, minimamente razoável. É assim que nasce aquele que é talvez o primeiro ''mot-valise'' da história da literatura : graças ao carácter conciliador de Sancho, que, para fechar a discussão, sugere que se trata afinal um ''baci-elmo'', nem bacia nem elmo mas um pouco dos dois... Um pormenor, naquele tempo, mas uma invenção genial de um ponto de vista literário que nos tempos de Joyce e de Beckett será de uma importância capital no modo de descrever, escrever e criar literatura.
  
  

Revisão das 18h35min de 21 de Março de 2012


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Ler Dom Quixote


Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga e Teresa Albuquerque



Sessão 13 – 24 Abril, 21:00


Temas : O “lugar comun” literário : o formato / A Justiça / O autor, o editor e a edição.


Leitura dos capítulos 21, 22 e 23 (El yelmo de Mambrino - Aventura de los galeotes – Ginés de Passamonte – Sierra morena)


Convidado : Álvaro Laborinho Lúcio


“Nem tudo o que brilha é ouro”, já sabemos, mas dá vontade de dizer – quixotescamente – que nem tudo o que é de ouro brilha. Pelo menos quando algo é ouro para nós, mesmo se os outros não o vêm. Nesta sessão veremos nos capítulos 21 e 22 a forma genial como Cervantes descreve a progressão do carácter de Dom Quixote, e também do de Sancho. Depois de se deixar iludir por rebanhos de ovelhas e pelo ruído dos rodízios de um moinho de água, é uma bacia de barbeiro que D.Quixote confunde com um elmo de ouro, o célebre “Elmo de Mambrino”. Sancho, como sempre, começa por tentar desenganar o seu amo mas pouco a pouco vai moldando-se às suas loucuras, tratando de aceitá-las e de se fixar nalgum ponto que lhe pareça, a ele Sancho, minimamente razoável. É assim que nasce aquele que é talvez o primeiro mot-valise da história da literatura : graças ao carácter conciliador de Sancho, que, para fechar a discussão, sugere que se trata afinal um baci-elmo, nem bacia nem elmo mas um pouco dos dois... Um pormenor, naquele tempo, mas uma invenção genial de um ponto de vista literário que nos tempos de Joyce e de Beckett será de uma importância capital no modo de descrever, escrever e criar literatura.


No capítulo 23 conta-se a historia dos galeotes, uma das mais importantes do primeiro livro. É aqui que aparece pela primeira vez Ginés de Passamonte, um dos personagens secundários mais estudados do Cervantismo, não só pelas suas diversas e divertidas aparições nos dois livros do Quixote, mas também pelo facto de este poder ter sido escrito a partir de um tal Gerónimo de Passamonte, soldado e escritor, a quem muitos cervantistas atribuem a autoria do Quixote de Avellaneda, ou o Quixote apócrifo.


Mas o tema central claramente explícito nesta aventura, e que aliás a partir de agora de modos mais ou menos encobertos nos acompanhará até o final da obra, é o da justiça. É para falar dela que teremos um convidado que dispensa apresentações Álvaro Labourinho Lúcio.



Capítulo XXI : Que trata de la alta aventura y rica ganancia del yelmo de Mambrino, etc. (26')


Capítulo XXII : De la libertad que dio don Quijote a muchos desdichados galeotes (24')


Capítulo XXIII : De lo que le aconteció al famoso don Quijote en Sierra Morena, que fue una de las más raras aventuras que en esta verdadera historia se cuenta (23')




Leitura dos capítulos 21


Convidado : Álvaro Laborinho Lúcio


Leitores : José Luís Ferreira & Alínea B. Issilva, participantes inscritos e outros voluntários.


Comentários e conversa com o público



links úteis :

Capítulo XXI

Capítulo XXII

Capítulo XXII


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Sessões da segunda parte do primeiro livro • 2012 •


24 JAN, 7 FEV, 28 FEV, 13 MAR, 27 MAR, 10 ABR, 24 ABR,

8 MAI, 22 MAI, 5 JUN, 19 JUN, 3 JUL


Sessões da primeira parte do primeiro livro • 2011 •

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