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'''Entrevista de Maria João Seixas'''
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<div class=direita>''[http://wiki.blablalab.net/pt/index.php?title=Conversa_com_vista_para..._parte2 en français]'' [[image:bandeira-França.jpg|15dpx]] </div>
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CONVERSA COM VISTA PARA…
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'''[[Alvaro García de Zúñiga]]'''
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in revista Pública do Jornal Público de 6 de Janeiro de 2002
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Se na Conversa anterior espreitámos o “capitalismo de aventura”, é agora a vez de nos deixarmos seduzir por outras aventuras, as do mundo das artes, da criação e do pensamento. Uma curiosidade sem limites anima este viageiro intranquilo que, sendo uruguaio por nascimento, é agora também português, por razões de enamoramento de uma lusitana, de sua graça Teresa, com quem casou. Foi em Outubro do ano passado que ganhou o estatuto de dupla nacionalidade e poude assim votar pela primeira vez a favor de Lisboa, cidade onde vive e que muito ama, talvez por lhe encontrar similitudes com Montevidéu. Fala um português trapalhão e cantante, embrulhado em muitos gestos, por receio que não o entendamos. Pedi-lhe já que não perca o jeito de nos brindar com “sinto nostalgias suas”, em lugar das nossas “saudades”, que não quer fixar, nem consegue converter. Parece, muitas vezes, desconversar, numa espécie de culto do absurdo, com piruetas lexicais e de aparente “non-sense”. Mas se o convocamos a melhor se explicar e a dar-nos pistas das suas referências e associações, percebemos logo que tudo o que diz tem fundamento e é sempre com doçura, acompanhada de um irrequieto sentido do “divertimento”, que transmite e partilha o que sabe. Pensa a um ritmo com mais rotações do que aquelas que nos habituámos a digerir e às vezes tropeça em si-próprio, o que é muito divertido, embora nos obrigue a uma atenção reforçada, para não ficarmos pelo caminho. Gosta de gostar do que gosta e do que vai descobrindo para gostar, exprimindo-o fisicamente como os miúdos – “Eu gosto, queres tu experimentar?” Falta-me ouvi-lo em curva sobre o seu violino, mas o que dele já vi, em teatro e em cinema, devolveu-me a sua imagem ao espelho envolta numa aura de bizarria, que só um singular talento pode sustentar. Ao ver o excelente documentário que acaba de realizar sobre a Sala das Batalhas do Palácio Fronteira, percebi que a consistência dos seus saberes e da sua sensibilidade, sem trair o fraseado lúdico que tão bem cultiva, são dominantes do seu retrato. Terno, bonito, raro.
 
 
 
 
MJS – Alvaro, diz-me quem és.
 
 
 
 
AGZ – Devo ser algo assim como uma seis bilionésima parte dos habitantes do planeta. Grosso modo. Contando só os humanos, claro, e considerando que todos os humanos são humanos. Globalmente é como me sinto, uma individualidade num mar de individualidades.
 
 
 
 
MJS – Teres nascido num país sul-americano não é um factor relevante para a tua relação com esse grande mar de individualidades?
 
 
 
 
AGZ – Sem dúvida. Uma parte da leitura que fazemos das coisas tem seguramente a ver com as nossas origens. Com o correr dos anos que já vivi na Europa, fui-me dando conta que muitas coisas vistas pelos europeus não são vistas por nós do mesmo modo. Porque nós vemos do outro lado do mundo. Há um desenho de Joaquim Torres Garcia, grande pintor uruguaio, que aliás foi o cartaz da exposição do Beaubourg sobre a América do Sul, que pinta o Pólo Sul acima do continente, numa visão inversa do atlas. Nós vimos de baixo. Isso altera muita coisa.
 
 
 
 
MJS – Até quando é que viveste em Montevidéu?
 
 
 
 
AGZ – Vamos entrar já na história complicada? Bom… Tive uma infância não exactamente caótica, mas um bocadinho movimentada. Quando os meus pais se divorciaram, a minha mãe foi viver para a Argentina e eu fui com ela. Com o meu pai, tinha eu oito anos, fiz a “grande” viagem à Europa. Eram viagens que se faziam uma vez na vida e que duravam meses. Faziam parte da formação de uma pessoa. Vivi, entretanto, quase um ano no Brasil. Tenho ideia que até 1972, ano que passei todo no Uruguai, nunca tinha estado um ano inteiro no mesmo país. Foi uma infância trepidante!
 
 
 
 
MJS – Qual era o lugar para a escola?
 
 
 
 
AGZ – A escola? Catastrófica e, essa sim, caótica. Havia o problema da não existência de equivalências, a disciplina de História então era fatal, porque a História dos países não era a mesma e isso, entre outras coisas, obrigou-me a repetir anos. Uma trapalhada.
 
 
 
 
MJS – Quando é que começas a sentir em ti o desejo de estudar música a sério?
 
 
 
 
AGZ – O gosto pela música foi-se instalando pouco a pouco. Tive sempre curiosidades várias e a música foi ganhando o seu lugar. A minha mãe tocava piano e aprendi a ler e a solfejar com ela. O que ajudou. Era e sou, fundamentalmente, muito curioso. A leitura, por exemplo, quando comecei a gostar de ler, e não foi tão cedo assim, foi só depois dos doze/treze anos, tornou-se compulsiva. Passei a ler tudo o que me caía nas mãos, até o que estava escrito nos bilhetes de metro. Um poeta argentino, já não me lembro se foi Oliverio Girondo ou Nicolás Olivari, contou que a obsessão pela leitura era tamanha que chegava a ler os tickets dos eléctricos. Fui “apanhado” para a leitura por um livro de guerra, que devia ser péssimo, esqueci-me do título, do autor, de tudo. Mas sei que esse foi o primeiro livro que me agarrou. A seguir, nunca mais parei, do Quijote de Cervantes a peças de teatro e a outras obras, sem relação aparente entre si. Tudo me interessava.
 
 
 
 
MJS – E o violino?
 
 
 
 
AGZ – O meu “caso” com o violino aconteceu mais tarde. Comecei por aprender a tocar guitarra e, depois, a interessar-me por composição. Só comecei a estudar composição a sério quando comecei a aprender violino. Foi em Buenos Aires, com Roque de Pedro, um grande compositor argentino. Foi ele também que me fez conhecer o teatro musical. Era alguém que sabia muitíssimo sobre os instrumentos e os seus registos. Aprendi com ele instrumentologia, as dificuldades da orquestração, a importância da harmonia e do contraponto…
 
 
 
 
MJS – Foi Roque de Pedro quem te encaminhou para o violino?
 
 
 
 
AGZ – Está tudo ligado e as coisas foram acontecendo em simultâneo. De alguma maneira a escolha do violino foi interesseira. Talvez tenha a ver com a América do Sul. Sabia que não se podia viver da composição, que era o que me interessava e era a ela que me queria dedicar. Tinha que encontrar uma solução remunerável e o violino era o que mais havia numa orquestra. Foi por aí que o violino começou, depois passou a ser outra coisa. O violino conquistou-me, pouco a pouco fui abrandando a escrita musical e, quando descobri o teatro musical, passei a interessar-me muito mais pela via do gesto musical do que pela música em si. Foi a época da descoberta de Kagel e de outros. Foi também a época em que me aproximei do teatro, da escrita para teatro.
 
 
  
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CONVERSA COM VISTA PARA…/ Conversation avec vue sur :
  
MJS – Fala-me da especificidade do teatro musical.
 
  
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'''[[Alvaro García de Zúñiga|ALVARO GARCIA DE ZÚÑIGA]]'''
  
  
AGZ – O teatro musical é uma variante que nasce do gesto musical, do gesto que produz o som. Digamos que, a partir daí, toda a tensão que se pode gerar, com ou sem som, mas que vem do lado musical, é o que se considera mais ou menos teatro musical. A célebre peça 4’33’’ de John Cage, com quatro minutos e trinta e três segundos, está, para mim, associada ao teatro musical, como a globalidade das peças de Kagel e muitas de Roque de Pedro.
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interview de '''Maria João Seixas''' sorti ''in'' magazine ''Pública'' du journal ''Público'' du 6 janvier 2002
  
  
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Si dans notre conversation précédente nous avons eu un aperçu du « capitalisme d’aventure » c’est au tour de nous laisser séduire par d’autres aventures, celles du monde des arts, de la création et de la pensée. Une curiosité sans limites anime ce voyageur « intranquile, qui, uruguayen de naissance, est désormais aussi portugais, pour être tombé amoureux d’une lusitaine, de son nom Teresa, avec qui il s’est marié. C’est en octobre de l’an passé qu’il a acquit le statut de double nationalité ayant pu voter pour la première en faveur de Lisbonne, ville où il habite et qu’il aime, peut être pour lui trouver des ressemblances avec Montévideo. Il parle un portugais décousu et chantant, enveloppé de beaucoup de gestes, par crainte que nous ne le comprenions pas. Je lui ai demandé de ne pas perdre sa façon de nous saluer avec un « j’ai de la nostalgie de vous », au lieu des « saudades » portugaises, qu’il ne veut pas fixer, et n’arrive pas à convertir. Très souvent, il semble tourner chaque conversation en dérision, dans une espèce de culte de l’absurde, avec des pirouettes lexicales et de non-sens apparent. Mais si nous le sollicitons à mieux s’expliquer et à nous donner des pistes pour comprendre ses références et associations, nous comprenons tout de suite que tout ce qu’il dit a un fondement et c’est toujours avec douceur, accompagnée d’un sens du « divertissement » fébrile qu’il transmet et partage ce qu’il sait. Il pense à un rythme avec plus de rotations que celles auxquelles nous nous sommes habitués à digérer, et parfois il trébuche sur ses propres mots, ce qui est très amusant mais nous oblige à une attention redoublée, pour ne pas perdre le fil de son raisonnement. Il aime aimer ce qu’il aime et ce qu’il découvre à aimer, et l’exprime physiquement comme les enfants – « J’aime, tu veux essayer ? » Je n'ai pas pu l'entendre courbé sur son violon, mais ce que j’ai déjà vu de lui, au théâtre et au cinéma, me rend son reflet dans le miroir enveloppé d’un aura de bizarrerie, que seul peut permettre un talent singulier. En voyant l’excellent documentaire qu’il vient de réaliser sur la Salle des Batailles du Palais Fronteira, j’ai compris que la consistance de ses savoirs et de sa sensibilité, sans trahir le phrasé ludique qu’il cultive si bien, est un trait dominant de son portrait. Tendre, beau, rare.
  
MJS – Chegaste a colaborar em concertos/espectáculos de teatro musical nesse período em que voltaste para a Argentina?
 
  
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MJS – Alvaro, dis-moi qui tu es.
  
  
AGZ – Claro, em vários. Com Roque de Pedro, participei numa experiência muito bonita, com uma peça de coro escrita para professoras de escola primária. Foi escrita para pessoas que não sabiam cantar, nem tinham qualquer noção de solfejo. A partitura tinha duas ou três indicações prévias e o resto qualquer pessoa podia interpretar a seu jeito. O resultado foi fantástico.
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AGZ – Je dois être quelque chose comme une six milliardème partie des habitants de cette planète. Grosso modo. En comptant seulement les humains, bien sûr, et en considérant que tous les humains sont humains. Globalement, c’est comme cela que je me sens, un individu dans une mer d’individus.  
  
  
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MJS – être naît dans un pays sud-américain n’est pas un fait déterminant dans ton rapport avec cette mer d’individus ?
  
MJS – Saltemos agora de Buenos Aires para Santiago do Chile. Foste à procura de quê?
 
  
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AGZ – Sans doute. Une partie de la lecture que nous faisons des choses a sûrement à voir avec nos origines. Au long des années que j’ai déjà vécu en Europe, je me suis rendu compte que beaucoup de choses sont vues par les européens de façon différente de nous. Parce que nous voyons depuis l’autre côté du monde. Il y a un dessin de Joaquim Torres Garcia, un grand peintre uruguayen, qui d’ailleurs a été l’affiche d’une exposition de Beaubourg sur l’Amérique du Sud, qui peint le pôle sud vers le haut, dans une vision inversée de l’atlas. Nous venons d’en bas. Cela change beaucoup de choses.
  
  
AGZ Nos cursos que fiz em Buenos Aires conheci um violinista chileno, Sergio Prieto, um dos melhores “concertinos” que conheço, juntamente com Joe Silverstein, Iona Brown, Glenn Dikterow (julgo que, neste momento, Prieto é solista numa das orquestras de Barcelona) e deu-me uma imensa vontade de ir aprender com ele, junto dele. Fui e posso dizer que consegui, mais ou menos.
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MJS Jusqu’à quand as-tu vécu à Montevidéo?
  
  
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AGZ – On entre tout de suite dans la partie compliquée? Bon… J’ai eu une enfance pas exactement chaotique, mais un tout petit peu mouvementée. Quand mes parents se sont divorcé, ma mère est allée vivre en Argentine et je suis allé avec elle. Avec mon père, quand j’avais huit ans, j’ai fait « le » grand voyage en Europe. C’étaient des voyages qui se faisaient une fois dans la vie et qui duraient des mois. Ils faisaient partie de la formation d’une personne. Ensuite, j’ai vécu presque un an au Brésil. J’ai l’impression que jusqu’en 1972, année que j’ai passé toute entière en Uruguay, je n’était jamais resté une année entière dans un seul pays. Ce fut une enfance trépidante !
  
MJS – Mais ou menos?
 
  
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MJS – Quelle était la place de l’école?
  
  
AGZ – Sergio Prieto pôs-me a aprender violino desde a estaca zero. Estaca que eu julgava ter ultrapassado há já muito. Mas não, o método do professor era particular. Aceitou-me como aluno, embora achasse que tudo o que eu fazia era mau, e explicou-me que me ia tratar como se fosse um principiante, ia meter-me numa sala vazia, com um espelho e um gravador e eu teria que passar horas a tocar cordas para o ar, “à vide”. Foi o que fiz, durante quase um ano e meio. Fui seu assistente na Universidade, mas deixar-me tocar, nem pensar! Mexeu tanto comigo, sacudiu-me de tal forma que eu também fiquei sem condições para tocar o que quer que fosse. Tinha vinte anos, já tinha trabalhado como violinista numa orquestra em Buenos Aires e esta aprendizagem com Sergio Prieto foi muito dura, não posso dizer que tenha sido um passo atrás, mas foi ao lado. E cortou em mim uma certa ideia de continuidade no trabalho. Regressei à Argentina e, pouco tempo depois, larguei para a Europa.
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AGZ – L’école? Catastrophique et, là oui, chaotique. Il y avait le problème de la non-existence des équivalences. La discipline Histoire, en particulier, c’était un drame, parce que l’histoire des deux pays n’était pas la même, et cela, entre autres choses, m’a obligé à refaire des années. Terrible.
  
  
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MJS – Quand as-tu commencé à sentir en toi le désir d’étudier sérieusement la musique ?
  
MJS – Para algum país em particular? Com que objectivos?
 
  
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AGZ – le goût de la musique s’est installé peu à peu. J’ai toujours eu des curiosités diverses et la musique a progressivement gagné sa place. Ma mère jouait du piano et j’ai appris à lire et le solfège avec elle. Ce qui a aidé- J’étais et je suis, fondamentalement, très curieux. La lecture par exemple, quand j’ai commencé à aimer lire, seulement vers mes douze, treize ans, c’est devenu compulsif. Je lisais tout ce qui me tombait dans la main, même ce qui était écrit dans les billets de metro. Un poète argentin, je ne me souviens pas si c’était Oliverio Girondo ou Nicolás Olivari, a raconté que son obsession pour la lecture était telle qu’il en arrivait à lire les tickets des tramways. J’ai été « capturé » par la lecture par un livre de guerre, qui devait être très mauvais, j’en ai oublié le titre, l’auteur, tout. Mais je sais que c’est le premier livre qui m’a eu. Ensuite je n’ai plus jamais arrêté. Du Quijote de Cervantes aux pièces de théâtre et autres œuvres, sans rapport apparent entre elles. Tout m’intéressait.
  
  
AGZ Quando estudei em Buenos Aires tive aulas com Alberto Lysy, violinista de grande craveira, argentino de origem russa, aluno de Menuhin e director da Academia Menuhin em Gstaad. Quando lhe disse que queria ir estudar com Prieto para o Chile ele tentou dissuadir-me, garantindo-me que conseguiria mais facilmente uma bolsa para a Suíça e nenhuma para o Chile (aqui tinha razão, era verdade!). Quando voltei do Chile para a Argentina, as coisas já não me motivaram da mesma maneira e resolvi então tentar a Europa. Vendi tudo o que tinha e, com a minha primeira mulher que estava grávida, partimos. A primeira ideia era ir para Inglaterra. Londres, Menuhin, essa era a ideia. A viagem começou por Moscovo e, de visita em visita, lá fui percorrendo os centros musicais europeus que mais me interessavam: Moscovo, Budapeste, Praga, Salzburgo, Viena, Paris, até chegar a Londres.
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MJS Et le violon?
  
  
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AGZ – Mon “cas” avec le violon a commencé plus tard. J’ai commencé par apprendre la guitare et, ensuite je me suis intéressé à la composition. Ce n’est qu’après avoir commencé a étudier la composition sérieusement que j’ai commencé a apprendre le violon. C’est à Buenos Aires, avec Roque de Pedro, un grand compositeur argentin. C’est lui qui m’a fait connaître le théâtre musical. C’est quelqu'un qui en savait énormément sur les instruments et leurs registres. J’ai appris avec lui instrumentalogie, les difficultés de l’orchestration, l’importance de l’harmonie et du contrepoint.
  
MJS – Tinhas meios e contactos para que a viagem fosse um êxito?
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MJS – C’est Roque de Pedro qui t’as dirigé vers le violon ?  
  
  
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AGZ – Tout est lié et les choses sont arrivées simultanément. D’une certaine façon le choix du violon était opportuniste. Cela a peut-être avoir avec l’Amérique du Sud. Je savais qu’on ne pouvait pas vivre de la composition, qui était ce qui m’intéressait et c’était ce à quoi je voulais me dédier. Il fallait que je trouve une solution rémunérée et le violon était ce qu’il y avait de plus dans un orchestre. C’est par là que le violon a commencé, ensuite c’est devenu autre chose. Le violon m’a conquit, peu à peu j’ai abandonné l’écriture musicale et, quand j’ai découvert le théâtre musical, j’ai commencé à m’intéresser beaucoup plus par la voie du geste musical que par la musique proprement dite. C’est l’époque de la découverte de Kagel et d’autres. C’est aussi à ce moment que je me suis approché du théâtre, de l’écriture pour le théâtre.
  
AGZ – Não, foi uma viagem não preparada, feita com grande ingenuidade. Eu pensava que as coisas iam ser fáceis e foi tudo tremendamente difícil.
 
  
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MJS – Parles-moi de la spécificité du théâtre musical.
  
  
MJS Como é que fazias? Chegavas aos sítios, dirigias-te aos Conservatórios, dizias quem eras, ao que ias e depois?
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AGZ Le théâtre musical est une variante qui naît du geste musical. Du geste qui produit le son. Disons que, à partir de là, toute la tension qui peut se générer, avec ou sans son, mais qui vient du geste musical, est ce qui se considère plus ou moins du théâtre musical. La pièce célèbre de John Cage « 4’33’’ », qui dure 4 minutes et 33 secondes (de silence), est, pour moi, du théâtre musical, tout comme l’ensemble des pièces de Kagel et plusieurs de Roque de Pedro.
  
  
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MJS – As-tu participé dans des concerts/spectacles de théâtre musical pendant cette période en Argentine ?
  
AGZ – Depois deixavam-me entrar, assistir a aulas, ver tudo o que quisesse. Menos em Viena, onde não foi possível ver nada pelo lado de dentro, como em Salzburg, onde procurei Sandor Vegh, que era amigo de Alberto Lysy e que foi antipatiquíssimo comigo. Lá fui continuando a dar mais umas tantas voltas até que cheguei a Londres, onde tive a sorte de conhecer Norbert Branin, do Quarteto Amadeus, e de poder ter aulas de violino com ele. Queria muito aprender o modo como ele fazia música de câmara. O Quarteto Amadeus foi um dos Quartetos míticos do século XX. Tocaram juntos durante quarenta anos. Só pararam quando o altista morreu. Três deles eram austríacos e conheceram-se num campo de concentração na Ilha de Man. Foi aí que decidiram formar o Quarteto.
 
  
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AGZ – Bien sûr, dans plusieurs. Avec Roque de Pedro, j’ai participé à une expérience très belle, une pièce chorale écrite pour des professeurs de l’école primaire. Elle a été écrite pour des personnes qui ne savaient pas chanter, qui n’avaient même pas une quelconque notion de solfège. La partition contenait deux ou trois indications au préalable et le reste chacun devait l’interpréter à sa façon. Le résultat a été fantastique.
  
  
MJS – Um campo na Ilha de Man?
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MJS – Sautons maintenant de Buenos Aires vers Santiago du Chili. Qu’y est tu allé chercher?
  
  
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AGZ – Pendant les cours que j’ai suivi à Buenos Aires j’ai connu un violoniste chilien Sergio Prieto, un des meilleurs “concertinos” que je connais, justement avec Joe Silverstein, Iona Brown, Glenn Dikterow (je crois, qu’en ce moment, Prieto est soliste dans un orchestre de Barcelone) et j’ai eu très envie d’apprendre avec lui, auprès de lui. J’y suis allé et je peux dire que j’ai réussi, plus ou moins.
  
AGZ – Os ingleses também concentraram os estrangeiros que vinham de países do Eixo. Como os americanos concentraram japoneses, depois de Pearl Harbor. Por acaso, dois dos elementos do Quarteto Amadeus eram judeus mas, à cautela, foram dentro! Norbert Branin viera da Holanda, onde tinha estudado com o grande Carl Flesch, de que se perdeu o rasto durante a guerra. Desapareceu. As escalas de violino que os alunos devem aprender são sempre da autoria de Flesch. Um dia, em Londres, tive uma sorte rara: no mesmo dia, à mesma hora havia na sala Barbican o Concerto de Alban Berg, por Zuckermann e Pierre Boulez e, em South Bank, Perlman e Haitink tocavam o Concerto de Elgar. Para um apaixonado de violino como eu, aquela dupla e simultânea oferta era um dilema. Tive uma espécie de reflexo de electrão e decidi ir de manhã ao ensaio de um, e à noite ao outro concerto. No fim do ensaio de Alban Berg fui falar com Pierre Boulez, expliquei-lhe quem era, o que queria fazer e que me interessava muito pelo trabalho do Ensemble Intercontemporain. Disse-me que no ano seguinte (poucos meses depois do nascimento do meu filho!) abriria um concurso para violino no Ensemble. Foi assim que decidi ir para Paris.
 
  
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MJS – Plus ou moins?
  
  
MJS E conseguiste o posto no Ensemble?
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AGZ Sergio Prieto m’a fait apprendre le violon depuis niveau zero. Niveau que je croyais avoir dépassé depuis longtemps. Mais non, la méthode du professeur était particulière. Il m’accepté comme élève, bien qu’il fut convaincu que tout ce que je faisais était mauvais, et il m’a expliqué qu’il allait me traiter comme un débutant, qu’il allait m’enfermer dans une pièce vide, avec un miroir et un enregistreur et que j’allais passer des heures à jouer des cordes “à vide”. C’est ce que j’ai fait, pendant presque un an et demi. J’ai été son assistant à l’université, mais hors question de me laisser jouer ! il m’a tellement chamboulé, il m’a secoué à un point tel que je n’avais plus les conditions de jouer quoi que ce soit. J’avais vingt ans, j’avais travaillé en tant que violoniste à l’orchestre de Buenos Aires et cet apprentissage a été très dur, je ne peux pas dire que ce fut un pas en arrière, mais à côté. Et cela a coupé en moi l’idée d’une certaine continuité dans le travail. Je suis retourné en Argentine et peu de temps après je suis parti en Europe.
  
  
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MJS – Dans un pays en particulier? Avec quel but?
  
AGZ – Nem concorri. Comecei a tocar no metro. Vivíamos num quarto “de bonne”, já não tínhamos dinheiro e fui pedir ajuda a um amigo meu, advogado argentino, também recém-chegado a Paris. Perguntou-me o que é que eu sabia fazer, se podia cantar e tocar guitarra. E encaminhou-me para o metro. Naquela altura, anos oitenta, as pessoas davam mesmo dinheiro a quem tocasse e cantasse nas carruagens. Dava para viver. A nota maior que recebi foi de cinquenta francos, mas conheci uma pessoa que um dia recebeu um cheque de mil e quinhentos francos e outro amigo meu só parava de trabalhar, tocando jazz e tangos, quando tivesse feito mil e tal francos! Era essa a sua meta, todos os dias. Acabou a comprar um bar no Mónaco! Depois da guitarra passei ao violino, toquei Bach, Bartók, Ysaÿe… e as pessoas gostavam! De manhã fazia isso e, à tarde, estudava e praticava. Com alguma dificuldade, no tal quarto “de bonne”, com uma criança pequenina.
 
  
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AGZ – Quand j’ai étudié à Buenos Aires j’ai eu des cours avec Alberto Lysy, violoniste de haut niveau, argentin d’origine russe, élève de Menuhin et directeur de l’Académie Menuhin à Gstaad. Quand je lui avais dis que je voulais étudier avec Prieto au Chili il a essayé de m’en dissuader, en disant que j’obtiendrai plus facilement une bourse pour aller étudier en Suisse, alors que je n’en obtiendrai pas pour aller au Chili (là il avait raison, c’était vrai !). Quand je suis revenu du Chili en Argentine, les choses ne me motivaient plus de la même façon et j’ai donc décidé d’essayer l’Europe. J’ai vendu tout ce que j’avais et, avec  ma première femme qui était enceinte, nous sommes parti. Ma première idée était de partir en Angleterre. Londres, Menuhin, c’était l’idée. Le voyage a commencé par Moscou et, de visite en visite, j’ai parcouru les centre musicaux européens qui m’intéressaient le plus : Moscou, Budapest, Prague, Vienne, Paris, jusqu’à arriver à Londres.
  
  
MJS – Entretanto sabes que estás doente, com um cancro no pulmão direito, és operado duas vezes, divorcias-te pelo meio. Tudo isso deve ter alterado, e muito!, os teus projectos de vida.
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MJS – Tu avais les moyens et les contacts pour que le voyage fut un succès ?
  
  
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AGZ – Non, ce fut un voyage pas préparé, fait avec une grande ingénuité. Je pensais que les choses allaient être faciles mais tout a été terriblement difficile.
  
AGZ – Em cheio. Foi em 87. Percebi que alguma coisa estava errada quando comecei a sentir a mão esquerda sempre fria, por mais que tocasse violino a mão nunca aquecia. Os meus amigos achavam que era mania minha, que o que eu não queria era atirar-me a sério para a vida profissional, ainda sob a influência inibitória de Sergio Prieto. Decidi-me a fazer vários exames que, lamentavelmente, foram mal interpretados por um estudante de Medicina e ninguém viu que havia um pequeno tumor debaixo da clavícula. Tumor de células malignas que cresceu até nove centímetros e que, por tocar na coluna vertebral, fazia que a mão e o braço estivessem sempre frios. Depois começaram as dores a sério, porque as primeiras eu achava que era por carregar o Fernán aos ombros e talvez por isso tivesse comprimido uma vértebra. Aprendi a dormir sobre o tumor para aliviar a coluna e voltei às consultas. Foi então que encontrei o meu cancerólogo que, tendo recuperado os primeiros exames, percebeu logo de que é que se tratava. Aconselharam-me a começar por fazer quimio-terapia, mas pedi para ser primeiro operado e só depois fazer rádio e quimio. Fui fantasticamente tratado e tive um acompanhamento excelente no Hospital Avicenne, em Bobigny. E ainda nem sequer tinha os meus papéis legalizados em França! Para espanto dos médicos não havia metástases, embora dez meses depois da operação tivesse surgido uma mancha, resultado dos tratamentos de rádio, que me obrigou a nova cirurgia. Essa é que correu menos bem. O meu braço direito nunca mais ficou firme, sempre muito trémulo, talvez devesse ter-me aplicado mais nos exercícios de recuperação, como o Menuhin fez exemplarmente com o yoga. E assim comecei, devagarinho, a pôr o violino de parte. A última vez que toquei, última e definitiva, já estava a viver em Portugal, foi em 96, no Teatro Rond-Point des Champs Elysées de Paris, numa peça de teatro, muito curiosa, de um autor húngaro, Peter Nadas. A peça tinha partes musicais de difícil execução, de um compositor aluno de Tackacs, escritas numa partitura que saía directamente de algumas palavras do texto cénico.
 
  
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MJS – Comment est-ce que tu faisais ? Tu arrivais, tu te dirigeais aux Conservatoires, tu te présentais, tu expliquais ton propos et ensuite ?
  
  
MJS Operado e divorciado, em má forma, como é que sobreviveste em Paris?
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AGZ Ensuite on me laissait entrer, regarder des cours, voir tout ce que je voulais. Sauf à Vienne, où il ne m’a pas été possible de voir quoi que ce soit depuis l’intérieur, tout comme à Salzburg, où j’ai cherché Sandor Vegh, un ami d’Alberto Lysy et qui a été très antipathique envers moi. J’ai fait quelques tours de plus et je suis finalement arrivé á Londres où j’ai eu la chance de faire connaissance avec Norbert Branin, du Quatuor Amadeus, et de pouvoir avoir aulas des cours de violon avec lui. Je voulais absolument apprendre à jouer de la musique de chambre comme lui. Le Quatuor Amadeus a été un des quatuors mythiques du XXème siècle. Ils ont joué ensemble pendant quarante ans. Ils n’ont arrété que quand l’altiste est mort. Trois d’entre eux étaient autrichiens et se sont connu dans un camp de concentration dans l’île de Man. C’est là qu’ils ont décidé de former un quatuor.
  
  
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MJS – Un camp dans l’île de Man?
  
AGZ – Como é que sobrevivi? Nos primeiros tempos, com o apoio de amigos e da assistência social. A vida, entretanto, foi dando as suas voltas. Um amigo meu, actor, comprou um teatro e fez lá uma escola, onde comecei a dar aulas de teatro musical. Propus-lhe fazer um ciclo de música contemporânea. Paris, onde sempre houve uma espantosa oferta musical, tinha nesse tempo grandes deficiências a nível da música contemporânea, com programas muito pouco ecléticos. Boulez tinha conseguido impor, por assim dizer, uma espécie de arte oficial na música contemporânea, onde certo tipo de compositores e de correntes musicais eram os privilegiados e só eles recebiam as encomendas do Estado e eram alvo das programações mais significativas. Os pós-serialistas, os da música espectral, da escola de Darmstadt, eram eles os que conseguiam as encomendas.
 
  
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AGZ – Les anglais aussi ont concentré les étrangers qui venaient des pays de l’Axe.  Tout comme les américains ont concentré les japonais, après Pearl Harbor. Deux des membres du Quatuor Amadeus étaient juifs, mais, par mesure de précaution, ils ont quand même été enfermés ! Norbert Branin arrivait de Holande,  où il avait étudié avec le grande Carl Flesch, dont on a perdu la trace pendant la guerre. Il a disparu. Les échelles que violon que les élèves doivent apprendre sont toujours celles de Flesch. Un jour, à Londre, j’ai eu une chance rare : le même jour, à la même heure, Pierre Boulez et Zuckermann jouaient dans la salle Barbican le Concert d’Alban Berg, et, à South Bank, Perlman e Haitink jouaient le Concert d’Elgar. Pour un passionné de violon comme moi, ce double choix était un dilemme. J’ai eu une espèce de réflexe d’électron et j’ai décidé d’aller le mâtin à la répétition de l’un et le soir au concert de l’autre. A la fin de la répétition d’Alban Berg je suis allé parler avec Pierre Boulez, je lui ai expliqué qui j’étais, ce que je voulais faire et que je m’intéressait beaucoup au travail de l’Ensemble Intercontemporain. Il m’a dit que l’année suivante (quelques mois après la naissance de mon fils !) ouvrait un concours pour violon pour l’Ensemble. C’est ainsi que j’ai décidé d’aller à Paris.
  
  
MJS – Consegues fazer-me entender o que é a música espectral?
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MJS – Et tu as eu ton poste à l’Ensemble?
  
  
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AGZ – Je n’ai même pas passé le concours. J’ai commencé à jouer dans le metro. Nous vivions dans une chambre de bonne et nous n’avions plus d’argent. Je suis allé demander de l’aide à un ami, avocat argentin, lui aussi fraîchement arrivé à Paris. Il m’a demandé ce que je savais faire, si je pouvais chanter et jouer la guitare, et il m’a dirigé vers le metro. A ce moment là, dans les années 80, les gens donnaient vraiment de l’argent à ceux qui chantaient et jouaient dans le metro. C’était suffisant pour vivre. Le billet le plus grand que j’ai reçu était de cinquante francs, mais j’ai connu quelqu’un qui un jour a reçu un cheque de mille cinq cents francs et un autre, un copain à moi, qui n’arrêtait pas de travailler, en jouant du jazz et des tangos, que quand il gagnait plus de mille francs ! C’était ça son but, tout les jours. Il a fini par acheter un bar à Monaco ! Après la guitare, j’ai fait du violon, j’ai joué Bach, Bartók, Ysaÿe… et ça plaisait aux gens ! Le matin je faisait ça et l’après-midi, j’étudiais, je pratiquais. Ce n’était pas toujours facile, dans la chambre de bonne avec un enfant tout petit.
  
AGZ – Vou tentar. Os compositores de música espectral trabalham com o espectro sonoro, fazem uma música de especulação de harmónicos que estão muito longínquos da tónica de uma nota. Temos, por exemplo, um dó baixo, grave. Esse dó é composto por outro dó, uma oitava mais aguda, pelo sol, pelo dó mais acima, pelo mi, sol, ainda a seguir pelo dó, mi, sol, si bemol, depois dó, ré mi, fá sostenido, sol, etc… com notas sempre cada vez um bocadinho mais “desafinadas”, por assim dizer, à Tom Jobim. Quanto mais nos afastamos da nota original, essas “desafinações” começam a transformar-se em quartos de tom, terços de tom, oitavos de tom, com ligeiras diferenças de frequências e é com esse material harmónico que os espectralistas compõem. Por isso é que a música contemporânea pode soar pouco afinada. Porque, de facto, não está afinada nem no sentido pitagórico, nem no sentido temperado.
 
  
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MJS – Ensuite tu apprends que tu es malade, avec un cancer dans le poumon droit, tu es opéré deux fois, tu divorces au milieu. Tout cela a dû affecter, et beaucoup ! tes projets de vie.
  
  
MJS Podes fazer o mesmo esforço para me iniciares no universo do serialismo?
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AGZ Tout à fait. C’est en 1987. J’ai eu la perception que quelque chose clochait quand j’ai commencé a sentir ma main gauche froide en permanence, je pouvais jouer autant que je le voulais mais ma main gauche ne chauffait jamais. Mes amis trouvaient que c’était une manie, que je ne voulais pas me jeter sérieusement dans la vie professionnelle, encore sous l’influence inhibitoire de Sergio Prieto. Je me suis décidé à faire plusieurs examens, qui, lamentablement, ont été mal interprétés par un étudiant de médecine et personne n’a vu qu’il y avait une petite tumeur sous la clavicule.
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Une tumeur de cellules malignes qui a grandi jusqu’à la taille de neuf centimètres et qui, pour se trouver collée à la colonne vertébrale, faisait que la main et le bras fussent toujours froids. Ensuite ont commencé les vraies douleurs, parce que d’abord je pensais que c’était dû à transporter Fernán sur les épaules et que peut-être à cause de cela j’avais une vertèbre comprimée. J’ai appris à dormir sur le côté de la tumeur pour soulager la colonne et j’ai repris les consultations médicales. C’est alors que j’ai rencontré mon cancérologue qui, ayant récupéré mes premiers examens, a tout de suite compri de quoi il s’agissait. On m’a conseillé de commencer par faire de la chimiothérapie, mais j’ai demandé à être opéré d’abord pour après faire de la radio et de la chimio. J’ai été fantastiquement traité et j’ai eu un accompagnement excellent à l’Hôpital Avicenne, à Bobigny. Et je n’avais même pas mes papiers en ordre en France ! A la grande surprise des médecins il n’y avait pas de métastases, bien que, dix mois après mon opération ait surgi une tâche, en résultat des traitements de chimio, qui m’a obligé à une deuxième chirurgie. Celle-ci, par contre, c’est moins bien passé. Mon bras droit n’a jamais récupéré sa fermeté, toujours un peu tremblant, peut-être aurais-je dû m’appliquer plus dans les exercices de récupération, comme Menuhin l’a fait exemplairement avec le yoga. La dernière fois que j’ai joué j’habitais déjà au Portugal, c’est en 96, au théâtre du Rond-Point des Champs Elysées à Paris, dans une pièce, très curieuse d’un auteur hongrois, Peter Nadas. La pièce avait des parties musicales difficiles à exécuter, d’un compositeur élève de Tackacs, écrites dans une partition qui sortait directement de certains mots du texte scénique.
  
  
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MJS – Opéré et divorcé, en mauvaise condition physique, comment as-tu survécu à Paris ?
  
AGZ – Aí recorro a Webern. O desenvolvimento da noção de série foi explicado por Anton Webern através de uma fórmula em latim que diz, em português, qualquer coisa como isto: O senhor /Arepo/ Tem/ Obras/ Inconclusas. Não quer dizer nada, pois não? Agora olhe bem para o gráfico da fórmula em latim e veja como fica claro o princípio do serialismo, como a frase pode ser lida em todas as direcções, com a palavra TENET a desenhar centralmente uma espécie de matriz, reversível, em cruz:
 
  
                        SATOR
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AGZ – Comment ai-je survécu? Dans un premier temps, avec le soutien des amis et de l’assistance sociale. La vie ensuite, évolue à sa façon. Un ami, comédien, a acheté un théâtre et y a fait une école où j’ai commencé à donner des cours de théâtre musical. Je lui ai proposé de programmer un cycle de musique contemporaine. Paris, une ville où il y a toujours eu une offre musicale incroyable, avait, à cette époque un grand déficit au niveau de la musique contemporaine, avec des programmes très peu éclectiques. Boulez avait réussi à imposer, pour ainsi dire, une sorte d’art officiel de la musique contemporaine, où un certain type de compositeurs et de courants étaient privilégiés et c’étaient les seuls qui recevaient des commandes d’État et qui étaient l’objet des programmations les plus significatives. Les post-sérialistes, ceux de la musique spectrale, l’école de Darmstadt, c’étaient eux qui obtenaient les commandes.
                        AREPO
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                        TENET
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                        OPERA
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                        ROTAS
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MJS – Divergimos e bem. Mas quero saber se chegaste a organizar o tal ciclo de música contemporânea no teatro do teu amigo.
 
  
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MJS – Peux-tu m’expliquer ce que c’est que la musique spectrale ?
  
  
AGZ – Não. Percebi que me faltavam as competências necessárias para ser um bom operador cultural e a sala de teatro, entretanto, também foi vendida. Foi então que concorri a uma bolsa para um “master” de um ano em “management” cultural. Foi aí que conheci a Teresa. Viajámos por Itália, pela Roménia e tivémos durante algum tempo aulas em Dijon e em Chaux, no Jura, num edifício espantoso - a Saline Royale, única construção do utópico projecto para uma cidade nova do incrível Claude-Nicolas Ledoux. É um espaço extraordinário! A seguir, porque era preciso fazer um estágio e eu queria saber mais de técnicas e tecnologias, fui para o CNRS (Centre National de Recherche Scientifique). Onde aprendi muito, sobretudo no que diz respeito à divulgação científica no terreno do audio-visual. E onde conheci pessoas absolutamente incríveis, naquele imenso barco onde trabalham vinte e oito mil cientistas. Fiquei a conhecer como se faz investigação fundamental, não aplicada, e pareceu-me particular a relação que a Europa tem com a investigação aplicada. Conheci um químico que trabalhava em macro-moléculas e estava a fazer écrans dobráveis, uma coisa espantosa. Parece que ainda não está no mercado e os únicos que tinham tecnologia capaz de produzir industrialmente aqueles écrans eram os japoneses. A Europa produz imensa investigação fundamental mas depois não tem capacidade de lhe dar aplicação. É a Europa que provavelmente mais suporta esta investigação “inútil”, como é também a sociedade civil europeia que continua a mais suportar a criação “inútil”, que é a arte. É muito curioso.
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AGZ – Je vais essayer. Les compositeurs de musique spectrale, travaillent avec le spectre sonore. Ils font une musique qui spécule sur des harmoniques qui sont très lointains de la tonique d’une note. Nous avons, par exemple, un do grave. Ce do est composé par un autre do, une octave plus aigue, un sol, un dó plus haut, un mi, sol, et encore un do ensuite, mi, sol, si bémol, ensuite do, , mi, fa dièse, sol, etc…. avec des notes à chaque fois, un tout petit peu moins « justes», pour ainsi dire, à la Tom Jobim. Plus nous nous éloignons de la note originale, plus ces « désajustements» commencent à se transformer en des quarts de tons, tiers de ton, octaves de tons, avec de légères différences de fréquences et c’est avec ce matériel harmonique que les spectralistes composent. C’est pour cela que la musique contemporaine peut sembler peu accordée. Puisqu’en réalité elle ne l’est pas, ni dans un sens pithagoréen, ni dans un sens tempéré.
  
  
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MJS – Peux-tu également m’initier à l’univers du sérialisme ?
  
MJS – Com a Teresa a teu lado, acabas o estágio no CNRS e, pouco depois, vens com ela para Portugal. Já conhecias o país?
 
  
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AGZ – Là je recours à Webern. Le développement de la notion de série a été expliqué par Anton Webern à travers une formule en latin qui, en français, signifie quelque chose du genre : Monsieur /Arepo/ a des/ Oeuvres/ Inachevées. Cela ne veut rien dire, n’est ce pas ? Mais maintenant regardez bien la formule en latin sur le papier et vous verrez que le principe du sérialisme apparaît clairement, voyez comme la phrase peut être lue dans tous les sens, avec le mot « TENET » qui forme au centre une sorte de matrice, réversible, en croix :
  
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                        S A T O R
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                        A R E P O
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                        T E N E T
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                        O P E R A
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                        R O T A S
  
AGZ – Na tal grande viagem à Europa dos meus oito anos, regressámos ao Uruguai por Lisboa. E eu lembrava-me de algumas coisas, do Parque Eduardo VII, do Marquês de Pombal, dos autocarros verdes de dois andares e dos polícias sinaleiros com luvas brancas. Curiosamente não me lembrava da Ponte (na altura Salazar), nem do elevador de Santa Justa, que é uma pérola. Guardei sempre na memória a semelhança das fachadas portuguesas com alguns prédios de Montevidéu e como isso me fez sentir em casa quando passámos por Lisboa. Há um conjunto de casas em Montevidéu, projectadas nos anos trinta por uns famosos arquitectos uruguaios, que não se parecem com nada do que se vê no país, na Argentina, por ali. Agora sei que são como algumas casas portuguesas, das que já vai havendo poucas em Lisboa, na Av. da República, na 5 de Outubro. O Uruguai foi invadido por Portugal, era uma província cisplatina e eu acho que continua a ter mais a ver com Portugal do que com a Espanha.
 
  
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MJS – Nous nous sommes un peu éloigné et c’est très bien. Cependant je veux savoir si tu as pu finalement organiser ton cycle de musique contemporaine dans le théâtre de ton ami ?
  
  
MJS E mais tarde, com as leituras e outras curiosidades que te animavam, conheceste alguma coisa mais da realidade portuguesa?
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AGZ Non. J’ai compris que je n’avais pas les compétences nécessaires pour devenir un bon opérateur culturel, et d’un autre côté la salle de théâtre a été vendue. C’est alors que j’ai passé un concours pour une bourse pour un “master” d’un an en “management” culturel. C’est là que j’ai rencontré Teresa. Nous avons voyagé en Italie, en Roumanie, nous avons suivi des cours à Dijon et à Chaux, dans le Jura, dans un bâtiment incroyable – La Saline Royale – seule construction du projet de ville nouvelle utopique de l’architecte Claude-Nicolas Ledoux. C’est un lieu extraordinaire ! Ensuite, parce qu’il fallait faire un stage et je voulais en savoir plus sur les nouvelles technologies, je suis allé au CNRS (Centre National de Recherche Scientifique). Où j’ai appris beaucoup, surtout au sujet de la divulgation scientifique dans le domaine audiovisuel. J’y ai rencontré des gens absolument incroyables, dans cet immense paquebot où travaillent vingt huit mille scientifiques. J’ai appris comment se fait la recherche fondamentale, non appliquée, et j’ai trouvé curieux le rapport que l’Europe entretient avec la recherche appliquée. J’ai connu un chimiste, en 1994, qui travaillait sur les macromolécules et qui faisait des écrans pliables, quelque chose de formidable. Je pense que cela n’est pas encore arrivé sur le marché et les seuls qui possédaient une technologie capable de produire ces écrans étaient les japonais. L’Europe produit une recherche fondamentale immense mais ensuite n’a pas la capacité de l’appliquer. C’est l’Europe qui, probablement, finance cette recherche « inutile », tout comme c’est aussi la société civile européenne qui continue à supporter la création « inutile » dans le domaine artistique. C’est très curieux.
  
  
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MJS – Avec Teresa à ton côté, tu finis ton stage au CNRS et, peu après, tu viens avec elle au Portugal. Tu connaissais déjà le pays?
  
AGZ – Até vir para cá, quase só conhecia os ícones. Do futebol (Eusébio e o Benfica, que vi perder num jogo em Montevidéu, contra o Peñarol) à música (Amália, incrível como me passou ao lado Carlos Paredes, foi a Teresa que mo deu a ouvir e fiquei encantado!), da poesia (Camões, Pessoa) à História antiga (Vasco da Gama) e à moderna (o 25 de Abril, Álvaro Cunhal, Otelo, Eanes, Mário Soares).
 
  
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AGZ – Pendant ce grand voyage en Europe que j’ai fait à huit ans, nous sommes retournés en Uruguay, via Lisbonne. Et je me souvenais de certaines choses, du Parc Edouard VII, de la place Marquis de Pombal, des autobus verts en deux étages et des policiers qui ordonnaient le trafic avec des gants blancs. Curieusement je ne me souvenais pas du pont sur le Taje (à l’époque le pont Salazar), ni de l’ascenseur de Santa Justa, qui une perle. J’ai toujours gardé en mémoire la ressemblance entre les façades portugaises et certains immeubles de Montevideo et comment cela m’a fait sentir chez moi quand nous sommes passé par Lisbonne.  Il y des maisons des années trente à Montevideo, de fameux architectes uruguayens, qui ne ressemblent à rien de ce qui se fait dans le pays, en Argentina, par là. Maintenant je sais qu’elles sont comme certaines maisons portugaises, dont il ne reste plus beaucoup à Lisbonne, dans l’Av. de la République, par exemple. L’Uruguay a été envahi par le Portugal, c’était la province cisplatine et je crois qu’il a plus en commun avec le Portugal qu’avec l’Espagne.
  
  
MJS – Contaste-me um dia uma anedota chilena, do período pós-Allende, que te parecia reveladora não só do Chile da altura, como de grande parte da América do Sul. Importas-te de repetir?
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MJS – Et plus tard, avec les lectures et autres curiosités qui t’animent, tu as connu quelque chose de plus sur la réalité portugaise ?  
  
  
  
AGZ – A do pé? Bom, um senhor ia de pé num autocarro cheio de gente, numa hora de ponta. A um dado momento pergunta a outro passageiro que estava ao lado dele – O senhor é militar? – Não, não sou militar. – É polícia? – Não, não sou polícia. – Mas tem por acaso alguém na família que seja militar ou polícia? – Também não. – Ah, então não se importa de levantar o seu pé de cima do meu!!!
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AGZ – Pendant ce grand voyage en Europe que j’ai fait à huit ans, nous sommes retournés en Uruguay, via Lisbonne. Et je me souvenais de certaines choses, du Parc Edouard VII, de la place Marquis de Pombal, des autobus verts en deux étages et des policiers qui ordonnaient le trafic avec des gants blancs. Curieusement je ne me souvenais pas du pont sur le Taje (à l’époque le pont Salazar), ni de l’ascenseur de Santa Justa, qui une perle. J’ai toujours gardé en mémoire la ressemblance entre les façades portugaises et certains immeubles de Montevideo et comment cela m’a fait sentir chez moi quand nous sommes passé par Lisbonne. Il y des maisons des années trente à Montevideo, de fameux architectes uruguayens, qui ne ressemblent à rien de ce qui se fait dans le pays, en Argentina, par là. Maintenant je sais qu’elles sont comme certaines maisons portugaises, dont il ne reste plus beaucoup à Lisbonne, dans l’Av. de la République, par exemple. L’Uruguay a été envahi par le Portugal, c’était la province cisplatine et je crois qu’il a plus en commun avec le Portugal qu’avec l’Espagne.
  
  
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MJS – Et plus tard, avec les lectures et autres curiosités qui t’animent, tu as connu quelque chose de plus sur la réalité portugaise ?
  
MJS – Ufff, que calafrio! Achas que esses anos já eram?
 
  
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AGZ – Avant de venir ici, je ne connaissais pratiquement que les icônes. Du football, (Eusébio et le Benfica, que j’ai vu perdre dans un jeu à Montevideo contre le Peñarol), de la musique (Amália, c’est incroyable mais je n’étais jamais tombé sur Carlos Paredes avant, c’est Teresa qui me l’a fait écouter et j’en était émerveillé !) de la poésie (Camões, Pessoa) de l’Histoire des découvertes (Vasco da Gama) et de l’Histoire récente (le 25 Avril, Álvaro Cunhal, Otelo, Eanes, Mário Soares).
  
  
AGZ Não, esses anos não passam. Embora neste momento já não sei bem o que é que acho, porque estou, em todo o sentido, muito longe da América do Sul. Acho que se ganhassem as pessoas que ameaçam o poder instituído, as pessoas que pensam “feio”, como dizia um humorista uruguaio, é sempre possível que aconteça um golpe de estado, apoiado ou comandado pelos militares. O poder militar é um poder latente em todo o continente. Com o 11 de Setembro (por acaso o de 1973, no Chile, foi o dia do golpe de estado de Pinochet!) ouvi frases da boca de Bush que me lembraram o pensamento dos militares sul-americanos. “Atentar contra o nosso modo de vida”. Nunca percebi muito bem qual era o nosso modo de vida, nem que não fosse permitido alterá-lo. “Quem não está a nosso favor, está contra nós.” Então aqueles de nós que não estamos nem a favor nem contra ninguém corremos o risco de pensar “feio”. Com estas frases do grande democrata do norte lembro dos militares sul-americanos. Eles também sabem que há muitos sul-americanos que pensam “feio” e que estão dispostos a correr o risco dessa forma de pensar.
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MJS Tu m’as raconté un jour une blague chilienne, de la période post-Allende, qui te semblait révélatrice non seulement du Chili de l’époque, mais d’une grande partie de l’Amérique du Sud, pourrais-tu la raconter à nouveau ?
  
  
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AGZ – Celle du pied? Bon, un monsieur voyageait debout dans un autobus rempli de monde, à une heure de pointe. À un moment donné il demande à un autre passagers qui était également debout à côté de lui : – vous êtes militaire ? – Non, je ne suis pas militaire. – Et policier ? – Non, je ne suis pas policier. – Mais vous n’avez pas par hasard quelqu’un dans la famille qui soit militaire ou policier ? – Non plus. – Ah, alors pouvez-vous enlever votre pied de dessus le mien !
  
MJS – Agora que também és português, o que é que isso quer dizer dentro de ti?
 
  
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MJS – Ufff, ça fait peur! Tu crois que ces années sont révolues ?
  
  
AGZ - Não sei explicar. Mas como não gosto de “fronteiras”, lembro-me de uma cidadezinha fronteiriça, no norte do Uruguai, que se chama Ribeira (nome do primeiro presidente do país, o tal que mandou exterminar os índios!) e que tem uma avenida, cujo passeio do outro lado já é território brasileiro, já tem outro nome que é Santana do Livramento. As pessoas que vivem de cada lado do passeio falam, naturalmente, portuñol. Como eu.
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AGZ – Non, ces années ne passent pas. Bien que, à ce moment je ne sais plus vraiment ce que je crois parce que je suis, à tout point de vue, très loin de l’Amérique du Sud. Je pense que si les gens qui menacent le pouvoir institué, ces gens qui pensent « moche » comme disait un humoriste uruguayen, gagnent le pouvoir, il est toujours possible qu’un coup d’Etat ait lieu, soutenu ou commandé par les militaires. Le pouvoir militaire est un pouvoir latent dans tout le continent. Avec le onze septembre (par coïncidence celui de 1973, au Chili, a été le jour du coup d’État de Pinochet !) j’ai entendu dans la bouche de Bush des phrases qui m’ont rappelé les militaires sud-américains. « Attenter contre notre mode de vie. » Je n’ai jamais compris ce que c’était que notre mode de vie, ni pourquoi il ne serait pas permis de le changer. « Qui n’est pas pour nous, est contre nous. » Alors ceux d’entre nous qui ne sommes ni pour ni contre personne, courrons le risque de penser « moche ». Avec ces phrases du grand démocrate du Nord, je me souviens des militaires sud-américains. Ils savent qu’il y a beaucoup de sud-américains qui pensent « moche » et qui sont prêts à assumer les risques de cette façon de penser.
  
  
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MJS – Maintenant que tu es aussi portugais, qu’est-ce que cela signifie dans ton fort intérieur?
  
MJS – Portuñol ou não, o facto é que, no seguimento do tal “master” francês em “management” cultural, lanças-te, em Portugal, na escrita para teatro e para cinema, encenas duas peças e realizas uma curta-metragem e um documentário. Que gosto guardas destas aventuras?
 
  
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AGZ – Je ne sais pas expliquer. Mais comme je n’aime pas les frontières, ça me fait penser à un petit village à la frontière Nord de l’Uruguay, qui s’appelle Ribeira (nom du premier président du pays, celui qui a fait exterminer les indiens !) et qui a une avenue dont le trottoir d’en face est déjà sur territoire brésilien, a déjà un autre nom : Santana do Livramento. Les gens qui habitent de chaque côté du trottoir parlent, naturellement, le portuñol. Comme moi.
  
  
AGZ O gosto de partir para outras, que já estão na calha. A primeira peça – O Teatro Impossível, foi um desafio delirante apoiado pelo Acarte, com um grande estímulo de Yvette Centeno e que vai iniciar uma digressão em várias cidades da Alemanha no próximo dia 23. A segunda – O Teatro é Puro Cinema (escrevi-a em francês e o título soa ligeiramente diferente – Le Théatre n’est que du Cinéma), foi co-produzida pelo teatro D. Maria II, na altura dirigido por Carlos Avillez. Outro delírio. Surgiu depois o desejo da realização (video/cinema) e foi quando concorremos ao apoio do ICAM às curtas-metragens para fazer – Um dia na Vida, logo seguido do trabalho, mais elaborado e complexo, para o documentário – Batalhas, sobre os magníficos painéis de azulejos da Sala das Batalhas do Palácio Fronteira. Agora, entre outras coisas, acabei o primeiro “draft” de – GAMBITO, uma longa-metragem a ser realizada por Fernando Lopes e preparo-me para fazer uma (in)adaptação sobre – O Cinema é Puro Teatro – e ainda uma - História Universal do Sushi. Sei que este projecto lhe vai agradar muito!
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MJS Portuñol ou pas, le fait est que, à la suite du “master” français en “management” culturel, tu te mets au Portugal, à écrire pour le théâtre et le cinéma, tu mets en scène deux pièces de théâtre, tu réalises un court métrage et un documentaire. Quel goût gardes-tu de ces aventures ?
  
  
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AGZ – Le goût d’en avoir d’autres, qui s’annoncent déjà. La première pièce « [http://blablalab.net/fr/index.php?title=Théâtre_Impossible Théâtre Impossible] », a été une folie délirante soutenue par ACARTE, et très encouragée par Yvette Centeno et qui débutera le 23 janvier une tournée dans plusieurs villes allemandes. La deuxième « [http://blablalab.net/fr/index.php?title=Le_Théâtre_n'est_que_du_Cinéma Le Théâtre n’est que du Cinéma] », a été produite par le Théâtre National D. Maria II, À l’époque dirigé par Carlos Avillez. Une autre folie. Après c’est le désir de réalisation (vidéo/cinéma) et nous avons obtenu de l’aide de l’ICAM (n. du tr. : Institut du Cinéma et de l’Audiovisuel Portugais) pour mon court-métrage – « [http://blablalab.net/fr/index.php?title=Un_jour_dans_la_vie Un jour dans la vie] », tout de suite suivi d’un projet de documentaire, plus élaboré et complexe « [http://blablalab.net/fr/index.php?title=Batailles Batailles] » sur les magnifiques carreaux de faïence (azulejos) de la Salle des Batailles du Palais Fronteira. A présent, parmi d’autres choses, je viens de conclure le premier « draft » de « Gambito », un long-métrage qui devra être réalisé par Fernando Lopes et je me prépare à écrire une (in)adaptation – « [http://blablalab.net/fr/index.php?title=Le_Cinéma_n'est_que_du_Théâtre Le Cinéma n’est que du Théâtre] » – et encore une – « Histoire Universelle du Sushi ». Je suis sûr que ce projet va beaucoup vous plaire !
  
MJS – Estou já a salivar. Estamos a chegar ao fim, mas gostava ainda de saber qual é a família teatral que te inspira?
 
  
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MJS – J’ai déjà de l’eau à la bouche. Nous arrivons à la fin, mais j’aimerai encore savoir quelle est la famille théâtrale qui t’inspire ?
  
  
AGZ – A lógica da minha escrita para teatro é pós-beckettiana. Foi aí que apanhei o comboio (ou o avião?) do teatro. A pergunta a fazer é - onde é que Beckett me passou a bola do teatro? E a resposta será que me deixou numa situação complicada. Ele, como já outros tinham tentado, puxou ao limite aquela história das trinta e seis situações dramáticas. Li – À Espera de Godot, com dezassete anos e fiquei muito perturbado. Happy Days e a peçazinha – Impromptu de Ohio, já do seu período final, foram determinantes para mim, para a minha apreensão do “tempo” teatral. Beckett ensinou-me a procurar um tempo de acção teatral que não pode exceder o tempo real do espaço cénico. Como é que eu faço? Começo, por exemplo, pela eliminação de personagens. As minhas peças não têm personagens, têm actores que estão a representar às vezes papéis, outras vezes não, que sabem perfeitamente o que disseram e o que vão dizer e que vão começar e acabar num determinado momento.
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AGZ – La logique de mon écriture pour le théâtre est post-beckettienne. C’est là que j’ai attrapé le train (ou l’avion ?) du théâtre. La question est plutôt de savoir – où est-ce que Beckett m’a passé la balle du théâtre ? Et la réponse est qu’il me l’a laissée dans une situation compliquée. Lui, comme d’autres avant lui l’avaient essayé, a poussé à la limite cette question des trente six situations dramatiques. J’ai lu « En attendant Godot » à dix sept ans et j’en suis resté très chamboulé. « Happy Days » et cette petite pièce « Impromptu de Ohio », de sa période finale, ont été déterminantes pour moi, pour ma perception du « temps » théâtral. Beckett m’a appris à chercher un temps d’action théâtral qui ne peut pas excéder le temps réel de l’espace scénique. Comment je fais ? Je commence, par exemple, par éliminer les personnages. Mes pièces n’ont pas de personnages, elles ont des comédiens qui jouent parfois des rôles, parfois non, qui savent parfaitement ce qu’ils ont dit et ce qu’ils vont dire et qu’ils vont commencer et finir à un moment donné.
  
  
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MJS – Dis-moi ton mot préféré.
  
MJS – Dá-me uma palavra de eleição.
 
  
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AGZ – Mot.
  
  
AGZ – Palavra.
 
  
 
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Version du 2 mai 2009 à 08:17


CONVERSA COM VISTA PARA…/ Conversation avec vue sur :


ALVARO GARCIA DE ZÚÑIGA


interview de Maria João Seixas sorti in magazine Pública du journal Público du 6 janvier 2002


Si dans notre conversation précédente nous avons eu un aperçu du « capitalisme d’aventure » c’est au tour de nous laisser séduire par d’autres aventures, celles du monde des arts, de la création et de la pensée. Une curiosité sans limites anime ce voyageur « intranquile, qui, uruguayen de naissance, est désormais aussi portugais, pour être tombé amoureux d’une lusitaine, de son nom Teresa, avec qui il s’est marié. C’est en octobre de l’an passé qu’il a acquit le statut de double nationalité ayant pu voter pour la première en faveur de Lisbonne, ville où il habite et qu’il aime, peut être pour lui trouver des ressemblances avec Montévideo. Il parle un portugais décousu et chantant, enveloppé de beaucoup de gestes, par crainte que nous ne le comprenions pas. Je lui ai demandé de ne pas perdre sa façon de nous saluer avec un « j’ai de la nostalgie de vous », au lieu des « saudades » portugaises, qu’il ne veut pas fixer, et n’arrive pas à convertir. Très souvent, il semble tourner chaque conversation en dérision, dans une espèce de culte de l’absurde, avec des pirouettes lexicales et de non-sens apparent. Mais si nous le sollicitons à mieux s’expliquer et à nous donner des pistes pour comprendre ses références et associations, nous comprenons tout de suite que tout ce qu’il dit a un fondement et c’est toujours avec douceur, accompagnée d’un sens du « divertissement » fébrile qu’il transmet et partage ce qu’il sait. Il pense à un rythme avec plus de rotations que celles auxquelles nous nous sommes habitués à digérer, et parfois il trébuche sur ses propres mots, ce qui est très amusant mais nous oblige à une attention redoublée, pour ne pas perdre le fil de son raisonnement. Il aime aimer ce qu’il aime et ce qu’il découvre à aimer, et l’exprime physiquement comme les enfants – « J’aime, tu veux essayer ? » Je n'ai pas pu l'entendre courbé sur son violon, mais ce que j’ai déjà vu de lui, au théâtre et au cinéma, me rend son reflet dans le miroir enveloppé d’un aura de bizarrerie, que seul peut permettre un talent singulier. En voyant l’excellent documentaire qu’il vient de réaliser sur la Salle des Batailles du Palais Fronteira, j’ai compris que la consistance de ses savoirs et de sa sensibilité, sans trahir le phrasé ludique qu’il cultive si bien, est un trait dominant de son portrait. Tendre, beau, rare.


MJS – Alvaro, dis-moi qui tu es.


AGZ – Je dois être quelque chose comme une six milliardème partie des habitants de cette planète. Grosso modo. En comptant seulement les humains, bien sûr, et en considérant que tous les humains sont humains. Globalement, c’est comme cela que je me sens, un individu dans une mer d’individus.


MJS – être naît dans un pays sud-américain n’est pas un fait déterminant dans ton rapport avec cette mer d’individus ?


AGZ – Sans doute. Une partie de la lecture que nous faisons des choses a sûrement à voir avec nos origines. Au long des années que j’ai déjà vécu en Europe, je me suis rendu compte que beaucoup de choses sont vues par les européens de façon différente de nous. Parce que nous voyons depuis l’autre côté du monde. Il y a un dessin de Joaquim Torres Garcia, un grand peintre uruguayen, qui d’ailleurs a été l’affiche d’une exposition de Beaubourg sur l’Amérique du Sud, qui peint le pôle sud vers le haut, dans une vision inversée de l’atlas. Nous venons d’en bas. Cela change beaucoup de choses.


MJS – Jusqu’à quand as-tu vécu à Montevidéo?


AGZ – On entre tout de suite dans la partie compliquée? Bon… J’ai eu une enfance pas exactement chaotique, mais un tout petit peu mouvementée. Quand mes parents se sont divorcé, ma mère est allée vivre en Argentine et je suis allé avec elle. Avec mon père, quand j’avais huit ans, j’ai fait « le » grand voyage en Europe. C’étaient des voyages qui se faisaient une fois dans la vie et qui duraient des mois. Ils faisaient partie de la formation d’une personne. Ensuite, j’ai vécu presque un an au Brésil. J’ai l’impression que jusqu’en 1972, année que j’ai passé toute entière en Uruguay, je n’était jamais resté une année entière dans un seul pays. Ce fut une enfance trépidante !


MJS – Quelle était la place de l’école?


AGZ – L’école? Catastrophique et, là oui, chaotique. Il y avait le problème de la non-existence des équivalences. La discipline Histoire, en particulier, c’était un drame, parce que l’histoire des deux pays n’était pas la même, et cela, entre autres choses, m’a obligé à refaire des années. Terrible.


MJS – Quand as-tu commencé à sentir en toi le désir d’étudier sérieusement la musique ?


AGZ – le goût de la musique s’est installé peu à peu. J’ai toujours eu des curiosités diverses et la musique a progressivement gagné sa place. Ma mère jouait du piano et j’ai appris à lire et le solfège avec elle. Ce qui a aidé- J’étais et je suis, fondamentalement, très curieux. La lecture par exemple, quand j’ai commencé à aimer lire, seulement vers mes douze, treize ans, c’est devenu compulsif. Je lisais tout ce qui me tombait dans la main, même ce qui était écrit dans les billets de metro. Un poète argentin, je ne me souviens pas si c’était Oliverio Girondo ou Nicolás Olivari, a raconté que son obsession pour la lecture était telle qu’il en arrivait à lire les tickets des tramways. J’ai été « capturé » par la lecture par un livre de guerre, qui devait être très mauvais, j’en ai oublié le titre, l’auteur, tout. Mais je sais que c’est le premier livre qui m’a eu. Ensuite je n’ai plus jamais arrêté. Du Quijote de Cervantes aux pièces de théâtre et autres œuvres, sans rapport apparent entre elles. Tout m’intéressait.


MJS – Et le violon?


AGZ – Mon “cas” avec le violon a commencé plus tard. J’ai commencé par apprendre la guitare et, ensuite je me suis intéressé à la composition. Ce n’est qu’après avoir commencé a étudier la composition sérieusement que j’ai commencé a apprendre le violon. C’est à Buenos Aires, avec Roque de Pedro, un grand compositeur argentin. C’est lui qui m’a fait connaître le théâtre musical. C’est quelqu'un qui en savait énormément sur les instruments et leurs registres. J’ai appris avec lui instrumentalogie, les difficultés de l’orchestration, l’importance de l’harmonie et du contrepoint.

MJS – C’est Roque de Pedro qui t’as dirigé vers le violon ?


AGZ – Tout est lié et les choses sont arrivées simultanément. D’une certaine façon le choix du violon était opportuniste. Cela a peut-être avoir avec l’Amérique du Sud. Je savais qu’on ne pouvait pas vivre de la composition, qui était ce qui m’intéressait et c’était ce à quoi je voulais me dédier. Il fallait que je trouve une solution rémunérée et le violon était ce qu’il y avait de plus dans un orchestre. C’est par là que le violon a commencé, ensuite c’est devenu autre chose. Le violon m’a conquit, peu à peu j’ai abandonné l’écriture musicale et, quand j’ai découvert le théâtre musical, j’ai commencé à m’intéresser beaucoup plus par la voie du geste musical que par la musique proprement dite. C’est l’époque de la découverte de Kagel et d’autres. C’est aussi à ce moment que je me suis approché du théâtre, de l’écriture pour le théâtre.


MJS – Parles-moi de la spécificité du théâtre musical.


AGZ – Le théâtre musical est une variante qui naît du geste musical. Du geste qui produit le son. Disons que, à partir de là, toute la tension qui peut se générer, avec ou sans son, mais qui vient du geste musical, est ce qui se considère plus ou moins du théâtre musical. La pièce célèbre de John Cage « 4’33’’ », qui dure 4 minutes et 33 secondes (de silence), est, pour moi, du théâtre musical, tout comme l’ensemble des pièces de Kagel et plusieurs de Roque de Pedro.


MJS – As-tu participé dans des concerts/spectacles de théâtre musical pendant cette période en Argentine ?


AGZ – Bien sûr, dans plusieurs. Avec Roque de Pedro, j’ai participé à une expérience très belle, une pièce chorale écrite pour des professeurs de l’école primaire. Elle a été écrite pour des personnes qui ne savaient pas chanter, qui n’avaient même pas une quelconque notion de solfège. La partition contenait deux ou trois indications au préalable et le reste chacun devait l’interpréter à sa façon. Le résultat a été fantastique.


MJS – Sautons maintenant de Buenos Aires vers Santiago du Chili. Qu’y est tu allé chercher?


AGZ – Pendant les cours que j’ai suivi à Buenos Aires j’ai connu un violoniste chilien Sergio Prieto, un des meilleurs “concertinos” que je connais, justement avec Joe Silverstein, Iona Brown, Glenn Dikterow (je crois, qu’en ce moment, Prieto est soliste dans un orchestre de Barcelone) et j’ai eu très envie d’apprendre avec lui, auprès de lui. J’y suis allé et je peux dire que j’ai réussi, plus ou moins.


MJS – Plus ou moins?


AGZ – Sergio Prieto m’a fait apprendre le violon depuis niveau zero. Niveau que je croyais avoir dépassé depuis longtemps. Mais non, la méthode du professeur était particulière. Il m’accepté comme élève, bien qu’il fut convaincu que tout ce que je faisais était mauvais, et il m’a expliqué qu’il allait me traiter comme un débutant, qu’il allait m’enfermer dans une pièce vide, avec un miroir et un enregistreur et que j’allais passer des heures à jouer des cordes “à vide”. C’est ce que j’ai fait, pendant presque un an et demi. J’ai été son assistant à l’université, mais hors question de me laisser jouer ! il m’a tellement chamboulé, il m’a secoué à un point tel que je n’avais plus les conditions de jouer quoi que ce soit. J’avais vingt ans, j’avais travaillé en tant que violoniste à l’orchestre de Buenos Aires et cet apprentissage a été très dur, je ne peux pas dire que ce fut un pas en arrière, mais à côté. Et cela a coupé en moi l’idée d’une certaine continuité dans le travail. Je suis retourné en Argentine et peu de temps après je suis parti en Europe.


MJS – Dans un pays en particulier? Avec quel but?


AGZ – Quand j’ai étudié à Buenos Aires j’ai eu des cours avec Alberto Lysy, violoniste de haut niveau, argentin d’origine russe, élève de Menuhin et directeur de l’Académie Menuhin à Gstaad. Quand je lui avais dis que je voulais étudier avec Prieto au Chili il a essayé de m’en dissuader, en disant que j’obtiendrai plus facilement une bourse pour aller étudier en Suisse, alors que je n’en obtiendrai pas pour aller au Chili (là il avait raison, c’était vrai !). Quand je suis revenu du Chili en Argentine, les choses ne me motivaient plus de la même façon et j’ai donc décidé d’essayer l’Europe. J’ai vendu tout ce que j’avais et, avec ma première femme qui était enceinte, nous sommes parti. Ma première idée était de partir en Angleterre. Londres, Menuhin, c’était l’idée. Le voyage a commencé par Moscou et, de visite en visite, j’ai parcouru les centre musicaux européens qui m’intéressaient le plus : Moscou, Budapest, Prague, Vienne, Paris, jusqu’à arriver à Londres.


MJS – Tu avais les moyens et les contacts pour que le voyage fut un succès ?


AGZ – Non, ce fut un voyage pas préparé, fait avec une grande ingénuité. Je pensais que les choses allaient être faciles mais tout a été terriblement difficile.


MJS – Comment est-ce que tu faisais ? Tu arrivais, tu te dirigeais aux Conservatoires, tu te présentais, tu expliquais ton propos et ensuite ?


AGZ – Ensuite on me laissait entrer, regarder des cours, voir tout ce que je voulais. Sauf à Vienne, où il ne m’a pas été possible de voir quoi que ce soit depuis l’intérieur, tout comme à Salzburg, où j’ai cherché Sandor Vegh, un ami d’Alberto Lysy et qui a été très antipathique envers moi. J’ai fait quelques tours de plus et je suis finalement arrivé á Londres où j’ai eu la chance de faire connaissance avec Norbert Branin, du Quatuor Amadeus, et de pouvoir avoir aulas des cours de violon avec lui. Je voulais absolument apprendre à jouer de la musique de chambre comme lui. Le Quatuor Amadeus a été un des quatuors mythiques du XXème siècle. Ils ont joué ensemble pendant quarante ans. Ils n’ont arrété que quand l’altiste est mort. Trois d’entre eux étaient autrichiens et se sont connu dans un camp de concentration dans l’île de Man. C’est là qu’ils ont décidé de former un quatuor.


MJS – Un camp dans l’île de Man?


AGZ – Les anglais aussi ont concentré les étrangers qui venaient des pays de l’Axe. Tout comme les américains ont concentré les japonais, après Pearl Harbor. Deux des membres du Quatuor Amadeus étaient juifs, mais, par mesure de précaution, ils ont quand même été enfermés ! Norbert Branin arrivait de Holande, où il avait étudié avec le grande Carl Flesch, dont on a perdu la trace pendant la guerre. Il a disparu. Les échelles que violon que les élèves doivent apprendre sont toujours celles de Flesch. Un jour, à Londre, j’ai eu une chance rare : le même jour, à la même heure, Pierre Boulez et Zuckermann jouaient dans la salle Barbican le Concert d’Alban Berg, et, à South Bank, Perlman e Haitink jouaient le Concert d’Elgar. Pour un passionné de violon comme moi, ce double choix était un dilemme. J’ai eu une espèce de réflexe d’électron et j’ai décidé d’aller le mâtin à la répétition de l’un et le soir au concert de l’autre. A la fin de la répétition d’Alban Berg je suis allé parler avec Pierre Boulez, je lui ai expliqué qui j’étais, ce que je voulais faire et que je m’intéressait beaucoup au travail de l’Ensemble Intercontemporain. Il m’a dit que l’année suivante (quelques mois après la naissance de mon fils !) ouvrait un concours pour violon pour l’Ensemble. C’est ainsi que j’ai décidé d’aller à Paris.


MJS – Et tu as eu ton poste à l’Ensemble?


AGZ – Je n’ai même pas passé le concours. J’ai commencé à jouer dans le metro. Nous vivions dans une chambre de bonne et nous n’avions plus d’argent. Je suis allé demander de l’aide à un ami, avocat argentin, lui aussi fraîchement arrivé à Paris. Il m’a demandé ce que je savais faire, si je pouvais chanter et jouer la guitare, et il m’a dirigé vers le metro. A ce moment là, dans les années 80, les gens donnaient vraiment de l’argent à ceux qui chantaient et jouaient dans le metro. C’était suffisant pour vivre. Le billet le plus grand que j’ai reçu était de cinquante francs, mais j’ai connu quelqu’un qui un jour a reçu un cheque de mille cinq cents francs et un autre, un copain à moi, qui n’arrêtait pas de travailler, en jouant du jazz et des tangos, que quand il gagnait plus de mille francs ! C’était ça son but, tout les jours. Il a fini par acheter un bar à Monaco ! Après la guitare, j’ai fait du violon, j’ai joué Bach, Bartók, Ysaÿe… et ça plaisait aux gens ! Le matin je faisait ça et l’après-midi, j’étudiais, je pratiquais. Ce n’était pas toujours facile, dans la chambre de bonne avec un enfant tout petit.


MJS – Ensuite tu apprends que tu es malade, avec un cancer dans le poumon droit, tu es opéré deux fois, tu divorces au milieu. Tout cela a dû affecter, et beaucoup ! tes projets de vie.


AGZ – Tout à fait. C’est en 1987. J’ai eu la perception que quelque chose clochait quand j’ai commencé a sentir ma main gauche froide en permanence, je pouvais jouer autant que je le voulais mais ma main gauche ne chauffait jamais. Mes amis trouvaient que c’était une manie, que je ne voulais pas me jeter sérieusement dans la vie professionnelle, encore sous l’influence inhibitoire de Sergio Prieto. Je me suis décidé à faire plusieurs examens, qui, lamentablement, ont été mal interprétés par un étudiant de médecine et personne n’a vu qu’il y avait une petite tumeur sous la clavicule. Une tumeur de cellules malignes qui a grandi jusqu’à la taille de neuf centimètres et qui, pour se trouver collée à la colonne vertébrale, faisait que la main et le bras fussent toujours froids. Ensuite ont commencé les vraies douleurs, parce que d’abord je pensais que c’était dû à transporter Fernán sur les épaules et que peut-être à cause de cela j’avais une vertèbre comprimée. J’ai appris à dormir sur le côté de la tumeur pour soulager la colonne et j’ai repris les consultations médicales. C’est alors que j’ai rencontré mon cancérologue qui, ayant récupéré mes premiers examens, a tout de suite compri de quoi il s’agissait. On m’a conseillé de commencer par faire de la chimiothérapie, mais j’ai demandé à être opéré d’abord pour après faire de la radio et de la chimio. J’ai été fantastiquement traité et j’ai eu un accompagnement excellent à l’Hôpital Avicenne, à Bobigny. Et je n’avais même pas mes papiers en ordre en France ! A la grande surprise des médecins il n’y avait pas de métastases, bien que, dix mois après mon opération ait surgi une tâche, en résultat des traitements de chimio, qui m’a obligé à une deuxième chirurgie. Celle-ci, par contre, c’est moins bien passé. Mon bras droit n’a jamais récupéré sa fermeté, toujours un peu tremblant, peut-être aurais-je dû m’appliquer plus dans les exercices de récupération, comme Menuhin l’a fait exemplairement avec le yoga. La dernière fois que j’ai joué j’habitais déjà au Portugal, c’est en 96, au théâtre du Rond-Point des Champs Elysées à Paris, dans une pièce, très curieuse d’un auteur hongrois, Peter Nadas. La pièce avait des parties musicales difficiles à exécuter, d’un compositeur élève de Tackacs, écrites dans une partition qui sortait directement de certains mots du texte scénique.


MJS – Opéré et divorcé, en mauvaise condition physique, comment as-tu survécu à Paris ?


AGZ – Comment ai-je survécu? Dans un premier temps, avec le soutien des amis et de l’assistance sociale. La vie ensuite, évolue à sa façon. Un ami, comédien, a acheté un théâtre et y a fait une école où j’ai commencé à donner des cours de théâtre musical. Je lui ai proposé de programmer un cycle de musique contemporaine. Paris, une ville où il y a toujours eu une offre musicale incroyable, avait, à cette époque un grand déficit au niveau de la musique contemporaine, avec des programmes très peu éclectiques. Boulez avait réussi à imposer, pour ainsi dire, une sorte d’art officiel de la musique contemporaine, où un certain type de compositeurs et de courants étaient privilégiés et c’étaient les seuls qui recevaient des commandes d’État et qui étaient l’objet des programmations les plus significatives. Les post-sérialistes, ceux de la musique spectrale, l’école de Darmstadt, c’étaient eux qui obtenaient les commandes.


MJS – Peux-tu m’expliquer ce que c’est que la musique spectrale ?


AGZ – Je vais essayer. Les compositeurs de musique spectrale, travaillent avec le spectre sonore. Ils font une musique qui spécule sur des harmoniques qui sont très lointains de la tonique d’une note. Nous avons, par exemple, un do grave. Ce do est composé par un autre do, une octave plus aigue, un sol, un dó plus haut, un mi, sol, et encore un do ensuite, mi, sol, si bémol, ensuite do, ré, mi, fa dièse, sol, etc…. avec des notes à chaque fois, un tout petit peu moins « justes», pour ainsi dire, à la Tom Jobim. Plus nous nous éloignons de la note originale, plus ces « désajustements» commencent à se transformer en des quarts de tons, tiers de ton, octaves de tons, avec de légères différences de fréquences et c’est avec ce matériel harmonique que les spectralistes composent. C’est pour cela que la musique contemporaine peut sembler peu accordée. Puisqu’en réalité elle ne l’est pas, ni dans un sens pithagoréen, ni dans un sens tempéré.


MJS – Peux-tu également m’initier à l’univers du sérialisme ?


AGZ – Là je recours à Webern. Le développement de la notion de série a été expliqué par Anton Webern à travers une formule en latin qui, en français, signifie quelque chose du genre : Monsieur /Arepo/ a des/ Oeuvres/ Inachevées. Cela ne veut rien dire, n’est ce pas ? Mais maintenant regardez bien la formule en latin sur le papier et vous verrez que le principe du sérialisme apparaît clairement, voyez comme la phrase peut être lue dans tous les sens, avec le mot « TENET » qui forme au centre une sorte de matrice, réversible, en croix :

                       S A T O R
                       A R E P O
                       T E N E T
                       O P E R A
                       R O T A S


MJS – Nous nous sommes un peu éloigné et c’est très bien. Cependant je veux savoir si tu as pu finalement organiser ton cycle de musique contemporaine dans le théâtre de ton ami ?


AGZ – Non. J’ai compris que je n’avais pas les compétences nécessaires pour devenir un bon opérateur culturel, et d’un autre côté la salle de théâtre a été vendue. C’est alors que j’ai passé un concours pour une bourse pour un “master” d’un an en “management” culturel. C’est là que j’ai rencontré Teresa. Nous avons voyagé en Italie, en Roumanie, nous avons suivi des cours à Dijon et à Chaux, dans le Jura, dans un bâtiment incroyable – La Saline Royale – seule construction du projet de ville nouvelle utopique de l’architecte Claude-Nicolas Ledoux. C’est un lieu extraordinaire ! Ensuite, parce qu’il fallait faire un stage et je voulais en savoir plus sur les nouvelles technologies, je suis allé au CNRS (Centre National de Recherche Scientifique). Où j’ai appris beaucoup, surtout au sujet de la divulgation scientifique dans le domaine audiovisuel. J’y ai rencontré des gens absolument incroyables, dans cet immense paquebot où travaillent vingt huit mille scientifiques. J’ai appris comment se fait la recherche fondamentale, non appliquée, et j’ai trouvé curieux le rapport que l’Europe entretient avec la recherche appliquée. J’ai connu un chimiste, en 1994, qui travaillait sur les macromolécules et qui faisait des écrans pliables, quelque chose de formidable. Je pense que cela n’est pas encore arrivé sur le marché et les seuls qui possédaient une technologie capable de produire ces écrans étaient les japonais. L’Europe produit une recherche fondamentale immense mais ensuite n’a pas la capacité de l’appliquer. C’est l’Europe qui, probablement, finance cette recherche « inutile », tout comme c’est aussi la société civile européenne qui continue à supporter la création « inutile » dans le domaine artistique. C’est très curieux.


MJS – Avec Teresa à ton côté, tu finis ton stage au CNRS et, peu après, tu viens avec elle au Portugal. Tu connaissais déjà le pays?


AGZ – Pendant ce grand voyage en Europe que j’ai fait à huit ans, nous sommes retournés en Uruguay, via Lisbonne. Et je me souvenais de certaines choses, du Parc Edouard VII, de la place Marquis de Pombal, des autobus verts en deux étages et des policiers qui ordonnaient le trafic avec des gants blancs. Curieusement je ne me souvenais pas du pont sur le Taje (à l’époque le pont Salazar), ni de l’ascenseur de Santa Justa, qui une perle. J’ai toujours gardé en mémoire la ressemblance entre les façades portugaises et certains immeubles de Montevideo et comment cela m’a fait sentir chez moi quand nous sommes passé par Lisbonne. Il y des maisons des années trente à Montevideo, de fameux architectes uruguayens, qui ne ressemblent à rien de ce qui se fait dans le pays, en Argentina, par là. Maintenant je sais qu’elles sont comme certaines maisons portugaises, dont il ne reste plus beaucoup à Lisbonne, dans l’Av. de la République, par exemple. L’Uruguay a été envahi par le Portugal, c’était la province cisplatine et je crois qu’il a plus en commun avec le Portugal qu’avec l’Espagne.


MJS – Et plus tard, avec les lectures et autres curiosités qui t’animent, tu as connu quelque chose de plus sur la réalité portugaise ?


AGZ – Pendant ce grand voyage en Europe que j’ai fait à huit ans, nous sommes retournés en Uruguay, via Lisbonne. Et je me souvenais de certaines choses, du Parc Edouard VII, de la place Marquis de Pombal, des autobus verts en deux étages et des policiers qui ordonnaient le trafic avec des gants blancs. Curieusement je ne me souvenais pas du pont sur le Taje (à l’époque le pont Salazar), ni de l’ascenseur de Santa Justa, qui une perle. J’ai toujours gardé en mémoire la ressemblance entre les façades portugaises et certains immeubles de Montevideo et comment cela m’a fait sentir chez moi quand nous sommes passé par Lisbonne. Il y des maisons des années trente à Montevideo, de fameux architectes uruguayens, qui ne ressemblent à rien de ce qui se fait dans le pays, en Argentina, par là. Maintenant je sais qu’elles sont comme certaines maisons portugaises, dont il ne reste plus beaucoup à Lisbonne, dans l’Av. de la République, par exemple. L’Uruguay a été envahi par le Portugal, c’était la province cisplatine et je crois qu’il a plus en commun avec le Portugal qu’avec l’Espagne.


MJS – Et plus tard, avec les lectures et autres curiosités qui t’animent, tu as connu quelque chose de plus sur la réalité portugaise ?


AGZ – Avant de venir ici, je ne connaissais pratiquement que les icônes. Du football, (Eusébio et le Benfica, que j’ai vu perdre dans un jeu à Montevideo contre le Peñarol), de la musique (Amália, c’est incroyable mais je n’étais jamais tombé sur Carlos Paredes avant, c’est Teresa qui me l’a fait écouter et j’en était émerveillé !) de la poésie (Camões, Pessoa) de l’Histoire des découvertes (Vasco da Gama) et de l’Histoire récente (le 25 Avril, Álvaro Cunhal, Otelo, Eanes, Mário Soares).


MJS – Tu m’as raconté un jour une blague chilienne, de la période post-Allende, qui te semblait révélatrice non seulement du Chili de l’époque, mais d’une grande partie de l’Amérique du Sud, pourrais-tu la raconter à nouveau ?


AGZ – Celle du pied? Bon, un monsieur voyageait debout dans un autobus rempli de monde, à une heure de pointe. À un moment donné il demande à un autre passagers qui était également debout à côté de lui : – vous êtes militaire ? – Non, je ne suis pas militaire. – Et policier ? – Non, je ne suis pas policier. – Mais vous n’avez pas par hasard quelqu’un dans la famille qui soit militaire ou policier ? – Non plus. – Ah, alors pouvez-vous enlever votre pied de dessus le mien !


MJS – Ufff, ça fait peur! Tu crois que ces années sont révolues ?


AGZ – Non, ces années ne passent pas. Bien que, à ce moment je ne sais plus vraiment ce que je crois parce que je suis, à tout point de vue, très loin de l’Amérique du Sud. Je pense que si les gens qui menacent le pouvoir institué, ces gens qui pensent « moche » comme disait un humoriste uruguayen, gagnent le pouvoir, il est toujours possible qu’un coup d’Etat ait lieu, soutenu ou commandé par les militaires. Le pouvoir militaire est un pouvoir latent dans tout le continent. Avec le onze septembre (par coïncidence celui de 1973, au Chili, a été le jour du coup d’État de Pinochet !) j’ai entendu dans la bouche de Bush des phrases qui m’ont rappelé les militaires sud-américains. « Attenter contre notre mode de vie. » Je n’ai jamais compris ce que c’était que notre mode de vie, ni pourquoi il ne serait pas permis de le changer. « Qui n’est pas pour nous, est contre nous. » Alors ceux d’entre nous qui ne sommes ni pour ni contre personne, courrons le risque de penser « moche ». Avec ces phrases du grand démocrate du Nord, je me souviens des militaires sud-américains. Ils savent qu’il y a beaucoup de sud-américains qui pensent « moche » et qui sont prêts à assumer les risques de cette façon de penser.


MJS – Maintenant que tu es aussi portugais, qu’est-ce que cela signifie dans ton fort intérieur?


AGZ – Je ne sais pas expliquer. Mais comme je n’aime pas les frontières, ça me fait penser à un petit village à la frontière Nord de l’Uruguay, qui s’appelle Ribeira (nom du premier président du pays, celui qui a fait exterminer les indiens !) et qui a une avenue dont le trottoir d’en face est déjà sur territoire brésilien, a déjà un autre nom : Santana do Livramento. Les gens qui habitent de chaque côté du trottoir parlent, naturellement, le portuñol. Comme moi.


MJS – Portuñol ou pas, le fait est que, à la suite du “master” français en “management” culturel, tu te mets au Portugal, à écrire pour le théâtre et le cinéma, tu mets en scène deux pièces de théâtre, tu réalises un court métrage et un documentaire. Quel goût gardes-tu de ces aventures ?


AGZ – Le goût d’en avoir d’autres, qui s’annoncent déjà. La première pièce « Théâtre Impossible », a été une folie délirante soutenue par ACARTE, et très encouragée par Yvette Centeno et qui débutera le 23 janvier une tournée dans plusieurs villes allemandes. La deuxième « Le Théâtre n’est que du Cinéma », a été produite par le Théâtre National D. Maria II, À l’époque dirigé par Carlos Avillez. Une autre folie. Après c’est le désir de réalisation (vidéo/cinéma) et nous avons obtenu de l’aide de l’ICAM (n. du tr. : Institut du Cinéma et de l’Audiovisuel Portugais) pour mon court-métrage – « Un jour dans la vie », tout de suite suivi d’un projet de documentaire, plus élaboré et complexe « Batailles » sur les magnifiques carreaux de faïence (azulejos) de la Salle des Batailles du Palais Fronteira. A présent, parmi d’autres choses, je viens de conclure le premier « draft » de « Gambito », un long-métrage qui devra être réalisé par Fernando Lopes et je me prépare à écrire une (in)adaptation – « Le Cinéma n’est que du Théâtre » – et encore une – « Histoire Universelle du Sushi ». Je suis sûr que ce projet va beaucoup vous plaire !


MJS – J’ai déjà de l’eau à la bouche. Nous arrivons à la fin, mais j’aimerai encore savoir quelle est la famille théâtrale qui t’inspire ?


AGZ – La logique de mon écriture pour le théâtre est post-beckettienne. C’est là que j’ai attrapé le train (ou l’avion ?) du théâtre. La question est plutôt de savoir – où est-ce que Beckett m’a passé la balle du théâtre ? Et la réponse est qu’il me l’a laissée dans une situation compliquée. Lui, comme d’autres avant lui l’avaient essayé, a poussé à la limite cette question des trente six situations dramatiques. J’ai lu « En attendant Godot » à dix sept ans et j’en suis resté très chamboulé. « Happy Days » et cette petite pièce – « Impromptu de Ohio », de sa période finale, ont été déterminantes pour moi, pour ma perception du « temps » théâtral. Beckett m’a appris à chercher un temps d’action théâtral qui ne peut pas excéder le temps réel de l’espace scénique. Comment je fais ? Je commence, par exemple, par éliminer les personnages. Mes pièces n’ont pas de personnages, elles ont des comédiens qui jouent parfois des rôles, parfois non, qui savent parfaitement ce qu’ils ont dit et ce qu’ils vont dire et qu’ils vont commencer et finir à un moment donné.


MJS – Dis-moi ton mot préféré.


AGZ – Mot.


blablalab